Kassab diz a caminhoneiros que quer negociar restrições

Publicado em
06 de Março de 2012
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Na iminência de uma crise de desabastecimento de combustíveis e outros produtos na cidade, a Prefeitura de São Paulo procurou ontem o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado (Setcesp) e outras entidades representantes de caminhoneiros para negociar. Um café da manhã foi marcado para esta semana. O Sindicam, responsável pelo bloqueio aos centros de distribuição de combustível ontem, não havia sido convidado até as 20h para participar do evento.
 
Desde ontem, a CET multa caminhões que circulam pela marginal Tietê (e em vias do centro expandido) fora dos horários permitidos:  entre 5h e 9h, e entre as 17h e 22h, de segunda a sexta-feira. Aos sábados, a restrição vale das 10h às 14h. Os Veículos Urbanos de Carga (VUCs) e os de emergência estão liberados das restrições.
 
Ontem, vários caminhoneiros pararam de trabalhar em protesto e empresas de transporte chegaram a estudar medidas judiciais para tentar barrar a restrição, dois dias depois da publicação da portaria que regulamentou as multas. Mas, por enquanto, o sindicato do setor recomendou que os associados aguardem o resultado das negociações.
 
Na manhã de ontem, o prefeito Gilberto Kassab disse que poderia "aperfeiçoar" a restrição aos caminhões na marginal, caso fosse necessário, mas ressaltou que não acreditava que haveria mudança no horário da proibição de circulação.
 
Questionado sobre a interrupção do transporte de combustíveis promovido pelos sindicalistas, Kassab disse que acreditava no "espírito público" da categoria. "Nos primeiros dias há uma certa desorganização", disse. Para Kassab, no primeiro dia da proibição pode ter havido desconhecimento da regra por parte de alguns caminhoneiros. "Muito possivelmente, alguns não se lembravam, pararam no lugar errado", afirmou Kassab.
 
O prefeito voltou a apontar a construção do Rodoanel, cujos Trechos Leste e Norte ainda não estão prontos, como justificativa para a restrição. A SPMar, empresa que administra o Trecho Sul do Rodoanel, disse que só teria hoje dados sobre o eventual aumento no volume de carretas na via hoje.
 
Outras entidades se mostram contrárias à restrição. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) disse, em nota, que acompanha o início da restrição na cidade e mantém seu posicionamento contrário à mudança. "A entidade acredita que a solução para os problemas do trânsito na cidade de São Paulo não se dará por meio dessa medida, mas por investimentos maciços em infraestrutura", disse o texto da Fiesp. "Portanto, a entidade defende soluções definitivas e não paliativas para solucionar problemas do trânsito da cidade de São Paulo", completou.
 
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) disse que "acompanha preocupada a interrupção de atividades promovida pelos caminhoneiros autônomos" e afirmou que "espera que o governo municipal e as lideranças da categoria cheguem a um acordo ainda nas próximas horas", segundo nota divulgada ontem. A entidade também criticou a falta de infraestrutura para o transporte na cidade.

Paralisação de motoristas pode causar falta de combustível em SP

Os trabalhos de descarga e de distribuição de combustível nos postos da capital paulista e região metropolitana de São Paulo continuavam paralisados às 15h30  desta segunda-feira, 5, sem previsão de normalização, de acordo com informações do presidente do Sindicato dos Transportadores de Cargas Líquidas e Corrosivas do Estado de São Paulo, Bernabé Gastão.
 
Os motoristas cruzaram os braços na madrugada de hoje em protesto à proibição do tráfego de caminhões a partir de hoje na Marginal do Tietê em outras 25 vias da capital entre as 5h e 9h da manhã e das 17h às 22h, de segunda à sexta-feira. Aos sábados, a restrição será das 10h às 14h. Multas de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira começam a ser aplicadas aos veículos que desrespeitarem a restrição.
 
De acordo com o presidente do Sindicato, a partir do segundo dia da interrupção da entrega dos combustíveis, os postos de combustíveis começarão a sentir o reflexo da paralisação e começarão a apresentar falta de combustível.

Estoque de combustível em postos irá durar até quarta-feira, prevê sindicato
 
A greve dos transportadores de combustíveis entra no segundo dia e já começa a afetar a oferta do produto em alguns postos em São Paulo. Segundo a entidade que representa todos os postos de gasolina na capital, nenhum estabelecimento recebeu combustíveis na segunda-feira (2). "Certamente haverá uma corrida dos consumidores aos postos e os estoques irão durar, na melhor das hipóteses, até a próxima quarta-feira (7)".

Veja as regras da nova regulamentação para o trânsito de caminhões

A previsão foi divulgada em nota pelo sindicato e enviada ao prefeito Gilberto Kassab, na terça-feira (6). O documento, assinado pelo presidente da entidade José Paiva Gouveia, pede que a prefeitura abra as negociações com os envolvidos na paralisação para evitar "um colapso no abastecimento". Ontem, no primeiro dia da greve, nenhum caminhão saiu das três principais distribuidoras da capital - no Ipiranga, zona sul, Guarulhos e Barueri.

Segundo Gouveia, após um reposição de combustíveis, os estoques podem durar de três a quatro dias - dependendo da procura. Como sexta, sábado e domingo são os dias de maior movimento, os estoques dos postos estão baixos. Com isso, muitos pontos já estão sem alguns combustíveis. Há aproximadamente 2.000 estabelecimentos na capital, além de outros 4.500 no Estado.

Greve: Transportadores de combustíveis entram em greve e cogitam paralisação nacional

Outro ponto abordado pelo sindicato na nota foi a restrição aos caminhões, que passou a ser fiscalizada ontem pela Companhia de Engenharia e Tráfego (CET). "Até que se encontre uma solução para o problema, que seja permitida a circulação, pela Margina Tietê, dos caminhões tanques que abastecem os postos da capital".

Paralisação

Na segunda-feira, ao confirmar o início da paralisação, o presidente do Sindicato dos Transportadores de Cargas Líquidas e Corrosivas do Estado de São Paulo, Bernabé Gastão, confirmou a possibilidade de uma greve nacional. "Se caso o governo não se manifestar, outros cerca de 20 sindicatos do País já confirmaram a adesão à paralisação".

Gastão disse ainda que não há previsão do retorno ao trabalho e que, a partir do segundo dia da interrupção da entrega dos combustíveis, os postos de combustíveis começariam a sentir o reflexo da paralisação e a apresentariam falta de combustível. Só na capital paulista cerca de 54 mil veículos estão cadastrados.

"Desde dezembro do ano passado, o Sindicato dos Transportadores de Rodoviários de Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP) vem pedindo uma audiência com prefeito Gilberto Kassab e o secretário de transporte para encontrar uma solução e em nenhum momento eles responderam", explica Gastão.

 

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