Iveco acirra ainda mais a briga no segmento de extrapesado

Publicado em
22 de Agosto de 2013
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O crescimento econômico no País, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, vem impulsionando tanto a demanda por caminhões extrapesados que o setor já contabiliza um crescimento de quase 38% só no primeiro semestre deste ano comparado a igual período de 2012. Não é a toa que o segmento, que nos últimos três anos vem se expandindo acima da média, já chega a representar quase 40% das vendas brasileiras de caminhões. De janeiro a julho deste ano foram vendidos 31,9 mil unidades, ante as 23,1 mil registradas em igual período de 2012, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).


Números tão positivos só poderiam atrair novos competidores, como a italiana Iveco, do grupo Fiat, que acaba de trazer ao País o Hi-Way, um caminhão que já foi reconhecido com o maior prêmio dedicado aos veículos comerciais na Europa - o International Truck of the Year 2013, durante a feira de transportes de Hannover, na Alemanha, no último ano.


"Este segmento é considerado mais premium, com produtos de maior tecnologia embarcada e, consequentemente, maior rentabilidade e deve atingir a marca de 50 mil unidades comercializadas em 2013 ante os 35 mil registrados até 2011", explica o diretor de marketing para América Latina, Christian Gonzalez.


Com esse lançamento, a montadora italiana acirra ainda mais uma briga que tem com rivais globais de peso como as suecas Scânia, que mantém uma fatia em torno de 33% do mercado de extrapesados, e a Volvo com 23%, e as alemãs Mercedes, com 20%, e Volkwagen/MAN com 10%.


"O Hi-Way é o ápice de uma escalada da Iveco desde sua entrada no mercado de caminhões do País, em 2007", acrescenta Gonzalez. O caminhão será produzido no Complexo Industrial da Iveco em Sete Lagoas (MG). A proximidade da produção local com o lançamento mundial do produto reforça a simultaneidade de ações no Brasil e na Europa, segundo a empresa. Originalmente produzido na Espanha, o Hi-Way é resultado de investimentos que beiram R$ 1 bilhão. Para produzir o veículo no Brasil, a montadora somou outros R$ 100 milhões a essa quantia, contando com o trabalho de mais de 100 engenheiros do Centro de Desenvolvimento do Produto, em Sete Lagoas. Esse processo envolveu mais de 150 mil horas de trabalho e a realização de mais de 2 milhões de quilômetros de testes rodoviários.


Mas entrar nessa luta de Titãs não será tão fácil para a Iveco, até porque gigantes como a Mercedes-Benz não pretendem largar o osso tão facilmente. Segundo a montadora alemã, os fundamentos continuam bons nesse segmento e não há nenhuma mudança no cenário, com a agricultura puxando muito forte. "Aquela carreta de três eixos e cavalo mecânico, que era a vedete do setor, não atende mais às necessidades do mercado, que demanda produtos mais específicos para o transporte de cana ou de minérios, por exemplo", explica o diretor de Assuntos Corporativos da Mercedes, Mario Laffitte.


O executivo acrescenta que a venda deste tipo de caminhão é também mais técnica, direcionada para grandes frotas. "São caminhões que trazem muita tecnologia embarcada e oferece menor custo e menos tempo com manutenções, além de oferecer maior conforto aos motoristas", explica.


E para manter sua fatia, há três anos a alemã trouxe seu extrapesado Actros para oferecer ao mercado brasileiro e hoje já produz o caminhão em sua unidade em Juiz de Fora, Minas Gerais.


Mas Laffitte frisa que um dos itens essenciais para este tipo de produto é a oferta de uma ampla rede de concessionárias, com assistência em todo o País. "Porque um caminhão desse não tem endereço e precisa de atendimento em qualquer lugar, um dos pontos fortes da Mercedes, há 50 anos nesse mercado", diz.


Mas a alta concorrência não parece preocupar muito a Iveco, que aposta na evolução econômica do País e na necessidade cada vez maior de caminhões. "Com o boom agrícola e a necessidade de cargas mais pesadas, claro que chamaria a atenção de grandes competidores mundiais para este mercado, mas estamos prontos", diz o diretor da Iveco, citando outros novos concorrentes como Ford e até os chineses.

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