Itaqui planeja ser base de exportação de grãos do Centro-Oeste

Publicado em
26 de Maio de 2010
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O porto do Itaqui, em São Luís, no Maranhão, poderá transformar-se em dois ou três anos em um importante centro logístico para exportação de grãos da região Centro-Oeste. Dois movimentos reforçam essa perspectiva: o único terminal que hoje escoa soja pelo porto maranhense, operado pela Vale, deve ser licitado no começo de 2011. Existe a expectativa de que na mesma época possam começar as obras do novo projeto do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram).

Os dois projetos teriam juntos, em uma primeira fase, capacidade de movimentar cerca de 8 milhões de toneladas de soja por ano. O Tegram é um projeto antigo cuja implementação já foi tentada, sem sucesso, nos últimos anos, pela Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), que responde pelo porto. A atual gestão de Itaqui reviu o projeto e buscou integrá-lo com o corredor ferroviário que chega ao Maranhão.

"No projeto anterior não havia integração do Tegram com a ferrovia Norte-Sul", disse Hermes Ferreira, presidente da Emap. No novo projeto, a integração ferrovia-porto passou a ser considerada. A Norte-Sul, concessão da Vale, passa pelo Centro-Oeste e se liga à Estrada de Ferro de Carajás (EFC), que também pertence à mineradora e chega até São Luís. Nos planos da Emap, o processo licitatório do Tegram poderá ser lançado em setembro estendendo-se até janeiro de 2011, quando começariam as obras. A previsão de início da operação seria no primeiro trimestre de 2012.

Na primeira fase são previstos investimentos de R$ 280 milhões para implantar um terminal com capacidade de movimentar 5 milhões de toneladas de grãos por ano. Na fase um, o projeto consiste na implantação de até quatro armazéns com recepção rodoviária, infraestrutura de expedição até o terminal portuário, que será equipado com carregador de navios de 2,5 mil toneladas por hora, e ramal ferroviário.

A licitação poderá ter até quatro ganhadores. Mas haverá somente um operador logístico que prestará serviços para as empresas instaladas na retroárea. Em fases posteriores, a capacidade de movimentação do Tegram poderia chegar a 15 milhões de toneladas por ano. Ferreira acredita que pelo menos dez empresas devam participar da licitação para os quatro lotes a serem instalados na retroárea do porto.

Clythio Buggenhout, gerente de portos da Cargill, disse que Tegram vai permitir o recebimento de carga nos modais ferroviário e rodoviário. "Mas nos parece haver um desbalanceamento entre as capacidades de recebimento e armazenamento dos lotes dos quatro terminais concebidos na proposta e a capacidade de embarque, limitada, a somente um berço a ser compartilhado por todos os quatro arrendatários desse lotes", disse Buggenhout.

Segundo ele, se houvesse o compromisso de dedicação de ao menos dois berços com prioridade para o grão dos terminais arrendados, o Tegram seria "bem mais atrativo." Ferreira, da Emap, discordou: "Respeito a opinião e não concordo. Sabemos onde estão os gargalos do projeto." Disse que em uma segunda fase está prevista a construção de um novo berço para atracação de navios no porto. José Ramos Torres de Melo, diretor de logística e infraestrutura da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), disse que o Tegram é importante para reduzir custos de frete e aumentar a competitividade da safra do Centro-Oeste.

Ferreira, da Emap, também falou da licitação do berço 105 de Itaqui, terminal operado pela Vale desde 1994 e que neste ano deve movimentar 3 milhões de toneladas de soja. O contrato do berço 105 com a Vale venceu no fim de março, mas segundo Marcello Spinelli, diretor comercial da área de logística da Vale, a legislação prevê a possibilidade de ampliação do prazo contratual por até três anos para permitir que nesse prazo a autoridade portuária organize o novo arrendamento.

A Vale deverá colaborar com a Emap nos estudos de viabilidade técnica e econômica para a licitação do berço 105. A intenção da Emap é licitar o terminal em dez meses. A Vale deve participar da licitação. Spinelli reconheceu que o sucesso da Norte-Sul depende da existência de capacidade portuária em São Luís. Nesse sentido, o mais importante, segundo ele, é garantir capacidade de escoamento de grãos disponível no Maranhão.

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