Isso é do jogo

Publicado em
08 de Novembro de 2013
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Está difícil ter uma sinalização clara sobre o mercado brasileiro neste final de ano e no próximo.

O que se sabe é que o otimismo do começo de 2013 foi se diluindo ao longo do tempo. Analistas do setor automobilístico se dividem entre os que preveem vendas um pouco menores em relação a 2012 e um pouco maiores, na soma de automóveis e veículos comerciais leves/pesados.

Existe algum simbolismo em torno de 2013. Afinal, seria o décimo ano seguido de crescimento do mercado interno, em parte alavancado por períodos de diminuição provisória de IPI que levaram a quebras seguidas de recordes. No recente seminário da Autodata, Perspectivas 2014, em São Paulo, a média de opiniões indicou sinais de desaceleração, mas não de queda de mercado. Por outro lado, a produção – importante por sustentar os empregos da cadeia de valor – deve continuar em ascensão em função de diminuição de importações e melhora ainda que modesta das exportações.

Um dos temas debatidos, de interesse direto dos consumidores, foi a mudança em implantação para viabilizar a volta do leasing, um tipo de financiamento um pouco mais barato e flexível. Até hoje há insegurança jurídica para que um carro seja retomado de inadimplentes ou lidar com “espertos” que deixam de pagar impostos e multas de trânsito ao se aproveitar por o veículo não permanecer em seu nome. Leasing poderá se somar a outros canais que ajudam na oferta de crédito, sujeita a altos e baixos por seletividade, exigência de valor de entrada maior ou de taxas de juros.

Há expectativa ainda da manutenção das atuais alíquotas menores do IPI, pelo menos no primeiro trimestre de 2014. Isso é dado como certo, o que diminuiria o ímpeto de compra neste final de ano para escapar de preços maiores. No entanto, a tendência é de que carros de entrada fiquem mais caros – de R$ 400,00 a R$ 800,00, estima-se –, quando todos os veículos leves vierem equipados com airbags frontais e freios ABS. Até março de 2014 será possível adquirir modelos fabricados sem esses equipamentos de segurança. Depois sua comercialização ficará proibida. Então, não se descarta que a carga fiscal menor prossiga até meados do ano. Faltam, em teoria, duas “rodadas” de aumento de IPI. Nos bastidores, alguns apostam que a última etapa seria cancelada, isto é, alívio definitivo de parte do imposto.

Na verdade, os preços reais dos veículos, em geral, mantêm trajetória de queda, especialmente nos últimos cinco anos por qualquer deflator aplicado. Sinais de aumento de concorrência continuam evidentes, embora não se vislumbre guerra comercial, pelo menos em curto prazo. O governo abriria mão de quase migalha, em termos de alíquota do IPI, como “prêmio” por preços bem comportados. E faturaria, politicamente, ao amainar a carga tributária efetiva.

Alguns fabricantes foram menos otimistas que outros no seminário. Executivos apresentaram visões diferentes em temas espinhosos como futura capacidade ociosa, promoções e descontos agressivos. Mas, houve também quem considerasse que tudo isso é do jogo: produção se administra e promoções vieram para ficar. Consumidor mandar no mercado dever ser regra, não exceção.

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