Os investimentos em infraestrutura no país como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) terão queda neste ano na comparação com 2017. Cálculos da consultoria Pezco mostram que o ciclo de retomada dos aportes públicos e privados em energia elétrica, transportes e logística, telecomunicações e saneamento básico começará com mais vigor apenas a partir do ano que vem e só alcançará os níveis pré-crise de 2008 em 2030.
De acordo com projeções da Pezco, o fluxo de investimento em 2018 nas quatro principais atividades da infraestrutura (excluído o setor de óleo e gás) deverá ser de 1,65% do PIB, um pouco abaixo da marca de 1,69% observada no ano passado. Já o percentual esperado para o ano que vem é de 1,85% do PIB. Em 2030, aponta o levantamento da consultoria, os aportes vão chegar a 2,03% do PIB, pouco acima dos 2% registrados em 2008, mas abaixo de picos registrados em 2001 (3,76%) e 2011 (2,27%).
“Os concessionários dos aeroportos, rodovias e linhas de transmissão leiloados em 2017 estão assumindo a operação só este ano. Já estão começando a investir, mas isso demora para entrar nos cálculos. Ainda dependem de licenças, aprovações, o grosso [dos aportes] entra mais em 2019”, avalia Frederico Turolla, sócio da Pezco.
Na comparação com 2017, as projeções da Pezco mostram que o único setor que apresentará crescimento este ano é o de transportes e logística, com o fluxo de investimentos passando de 0,46% do PIB para 0,47%. Na passagem de 2018 para 2019, todos os grandes segmentos terão alta nos aportes, exceto saneamento básico, que ficará estacionado em 0,20% do PIB. Das quatro grandes áreas da infraestrutura, transportes e logística também apresentará a maior e mais consistente expansão de médio prazo, saindo de 0,47% do PIB em 2018 para 0,80% em 2030.
Segundo Turolla, além da demanda muito reprimida, o segmento de transportes e logística tem um número maior de projetos na comparação com as outras atividades de infraestrutura, por isso atrai mais investidores. “São muitas possibilidades [de investimento] em projetos rodoviários novos e já existentes, com obras de duplicação e retificação de pistas, construção de viadutos e túneis. Em algum momento o segmento ferroviário vai destravar, aí é muito capex [capital expenditure]. Há perspectivas de novos leilões de aeroportos regionais e nacionais, que geralmente têm capex mais baixos, hidrovias, mobilidade urbana”, avalia o economista da Pezco.
As projeções da consultoria apontam para acomodação dos investimentos em energia elétrica em 0,57% do PIB a partir de 2025 até 2030, depois de um pequeno salto de 0,64% do PIB em 2018 para 0,73% no ano que vem. “Em 2019 teremos grandes aportes em transmissão, mas os grandes projetos estruturantes do setor, focados em geração, ficaram para trás e não estão no horizonte”, assinala Turolla.
O especialista em infraestrutura diz que o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que tem dezenas de projetos de desestatização em carteira, não será capaz de promover um grande salto nos investimentos em infraestrutura. A iniciativa federal, acrescenta ele, sofre com ausência de projetos novos.
“O PPI teve sucesso na fase inicial, na gestão da carteira, na governança, mas o que foi alocado no PPI são projetos que já existiam e eles estão escasseando. Não é uma retomada espetacular, já que a gente vem de queda nos anos anteriores, desde 2011, mas indica um ciclo de crescimento dos investimentos em infraestrutura [em volume de recursos] acima da expansão do PIB”.