Indústria de veículos pesados flerta com as startups

Publicado em
31 de Maio de 2019
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Com conectividade e telemetria cada vez mais presentes nos novos caminhões, montadoras e frotistas têm um novo desafio em mãos: será preciso saber o que fazer com essa extraordinária massa de informações gerada no processo de transporte rodoviário de passageiros e carga. Nesse cenário, a parceria com a agilidade das startups pode ser uma solução. A questão foi levantada no painel Apostas Tecnológicas da Indústria de Pesados durante o Automotive Business Experience, ABX19, realizado na segunda-feira, 27, no São Paulo Expo. 

“A conectividade já é uma realidade, o desafio agora é sabermos o que vamos fazer com tantas informações disponíveis”, afirmou Alcides Cavalcanti, diretor comercial da Volvo. De acordo com o executivo, atuar em conjunto com startups de tecnologia é uma solução inteligente. “Essas jovens empresas são mais flexíveis e ágeis, podem oferecer soluções para aumentar a eficiência no setor de transporte.” Cavalcanti acredita que haverá muitos ganhos para o setor de transporte com “esse processo colaborativo entre montadoras e startups”. 


Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing de caminhões da Mercedes-Benz, acrescentou: “Sozinhos não vamos a lugar algum, já estamos firmando parcerias com diversas startups para que possamos oferecer soluções assertivas para tornar a operação de transporte mais eficiente”. O executivo da Mercedes lembrou que o caminhão autônomo agrícola da marca, já disponível para venda, foi inteiramente desenvolvido no Brasil em parceria com uma empresa nascente de tecnologia, a Grunner. Leoncini também adiantou que a Mercedes-Benz vai apresentar diversas inovações desenvolvidas em conjunto com startups na Fenatran, maior evento de veículos comerciais da América Latina, que acontecerá em outubro, em São Paulo. 


De acordo com o executivo, a Mercedes-Benz vem trabalhando juntamente com startups para desenvolver aplicativos que permitem que os caminhões fiquem mais disponíveis para operações e, ao mesmo tempo, rodem menos. “Chamamos isso de logística mais eficiente”, comentou o vice-presidente. 


Carlos Roma, diretor da BYD, chinesa especializada em veículos elétricos, fez coro com Leoncini ao afirmar que os avanços em tecnologias de conectividade serão mais rápidos com as parcerias entre montadoras e startups. “Temos de construir esse futuro juntos”, comentou. 


Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus, acrescentou que é cada vez mais usual a utilização de startups no segmento de caminhões. “Para aprimorarmos a conectividade, a logística e a redução de custos, necessariamente teremos que fazer parcerias com startups de tecnologia.” 


Apesar de todas as inovações, todos os executivos das montadoras, inclusive da BYD, que trabalha exclusivamente com elétricos, foram unânimes e categóricos ao afirmar que os motores do ciclo diesel ainda terão vida longa no Brasil. Leoncini foi taxativo: “O diesel vai até onde for viável sua utilização pelo transportador brasileiro”. Alouche acrescentou: “Não haverá data para a substituição do diesel, isso se dará gradativamente. Já veículos comerciais elétricos são uma alternativa interessante para logística urbana.” 


Alcides Cavalcanti, da Volvo, comentou que veículos elétricos “vão bem em economias subsidiadas, pois seu custo é elevado e o preço final do produto fica, em média, três vezes maior que o veículo movido a diesel”. Carlos Roma, da BYD, admite que o Brasil ainda não está preparado para caminhões pesados elétricos (para operação em longas distâncias), mas, por outro lado, ônibus urbanos eletrificados são mais viáveis. “Nas metrópoles, a preocupação em se reduzir a emissão de CO2 é uma realidade, e a melhor solução são veículos elétricos.”

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