Apesar das expectativas de retomada do crescimento para 2018, os fabricantes locais continuam queimando caixa para se manter em meio à queda das vendas e da guerra de preços do mercado
A indústria de máquinas de construção está mais confiante acerca da retomada do crescimento, após três anos de profunda recessão.
Porém, o parque brasileiro ainda está altamente ocioso e, a rentabilidade das empresas, em risco.
Para 2017, o setor projeta queda entre 3% e 5% das vendas.
"Esperávamos um pequeno viés de alta neste ano com o retorno das concessões de infraestrutura, mas o efeito JBS piorou o cenário", afirma Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração.
O dirigente conta que o auge do mercado brasileiro ocorreu em meados de 2011, quando foram vendidas aproximadamente 30 mil máquinas no país.
Mas nos anos seguintes a demanda foi caindo pouco a pouco, atingindo cerca de 8,6 mil unidades no ano passado.
Roque Reis, vice-presidente da Case Construction Equipment para América Latina, está um pouco mais pessimista.
"Projetávamos um mercado de 7,9 mil máquinas neste ano, mas agora estimamos 7 mil unidades para o Brasil em 2017", afirma.
Segundo Reis, diante da crise política, não há ambiente para vendas de máquinas para construção.
"Além disso, o setor também depende dos acordos de leniência com as principais empreiteiras do país para que possam participar das próximas concessões."
O dirigente da Sobratema revela que a ociosidade do parque de máquinas no Brasil se aproxima de 60%.
Por outro lado, Daniel alerta para o envelhecimento da frota. "As empresas terão que renovar suas máquinas em breve, pois quanto mais antigo o bem, mais manutenção e custos são gerados", explica.
Ele observa que União, por meio das agências reguladoras, propiciou um ambiente regulatório mais amigável para os estrangeiros.
Uma das medidas apontadas pelo dirigente diz respeito aos editais de novas concessões, que vêm em português e inglês. "Isso favorece a atração do capital."
Daniel ressalta que as concessões nos segmentos de energia e aeroportos já demonstraram o apetite do investidor estrangeiro no Brasil.
"Agora só falta o país destravar os aportes em rodovias, que geram nossa maior demanda."
Ele estima ainda que as concessões em infraestrutura comecem a gerar pedidos para a indústria de máquinas de construção em um prazo de até seis meses.