Índice ABCR registra aumento de 1,1% em outubro

Veículos pesados apresentam queda de 2,7% no acumulado do ano

O índice ABCR de Atividade referente a outubro de 2014 registrou aumento de 1,1% na comparação com setembro deste ano, considerando os dados dessazonalizados. O índice que mede o fluxo de veículos nas estradas concedidas à iniciativa privada é produzido pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias em conjunto com a Tendências Consultoria Integrada.

Na comparação outubro contra setembro, o fluxo de veículos leves subiu 0,9% e o de veículos pesados registrou aumento de 1,1% em termos dessazonalizados. “No caso dos veículos leves, o aumento de 0,9% está diretamente ligado ao comparativo de emprego e renda apontados pelo IBGE e Ministério do Trabalho. Mesmo com o enfraquecimento do emprego, há um movimento, ainda que gradual, de expansão dos salários”, explica Rafael Bacciotti, economista da Tendências.

“No caso de veículos pesados, vale ressaltar que, no comparativo mensal, há sinais mistos, de queda na produção de veículos (pelos dados da Anfavea) e aumento da confiança dos empresários (FGV) no País. Esse sinal positivo se alinha à ligeira melhora nas expectativas do setor, mas é preciso considerar que ainda prevalece uma tendência de queda quando se observa a variação acumulada no ano”, alerta Bacciotti.

Em relação a outubro de 2013, o índice total apresentou alta de 1,6%. O fluxo de veículos leves aumentou 3,4%, enquanto o fluxo de pesados recuou 3%. Nos últimos doze meses, o fluxo total teve expansão de 2,9%. Considerando essa mesma base de comparação, o fluxo de leves registrou variação positiva, de 4,8%, e o de pesados recuou 2,2%. No acumulado do ano (janeiro a outubro de 2014 ante janeiro a outubro de 2013), o fluxo total teve expansão de 2,6%. Considerando essa mesma base de comparação, o fluxo de leves cresceu 4,6% e o de pesados continuou registrando queda de 2,7%.

Bacciotti explica que o resultado no acumulado do ano reflete uma tendência bem diferente entre veículos leves e pesados e que, apesar de o total ser positivo, impulsionado pelo aumento de veículos leves, a manutenção da queda de veículos pesados revela o enfraquecimento da produção industrial, principalmente no setor automotivo. “A distinção entre leves e pesados gera um resultado final positivo no indicador da ABCR. Enquanto os leves sustentam variações positivas, reflexo dos ganhos reais de renda, vemos a produção industrial caindo, como mostra, por exemplo, o setor automotivo, cuja produção de veículos vem registrando queda em vendas e exportações”, explica Bacciotti.

O IBGE divulgou o recuo da Produção Industrial em seis dos 14 locais pesquisados na passagem de agosto para setembro. As regiões com maior queda são Rio de Janeiro (-5,6%) e Pernambuco (-2,2%). Outras quedas são observadas com índices abaixo de zero pontos percentuais em São Paulo, Paraná e Ceará. Altas foram registradas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e Goiás com mais intensidade e crescimento modesto no Pará, Amazonas, Bahia e Espírito Santo.

“Em uma comparação ano a ano, outubro com outubro, vemos claramente, nos dados de veículos pesados, a tendência de queda contínua da produção industrial desde meados de 2013 e os dados não apontam para uma recuperação dessa tendência no curto prazo. Já no caso de veículos leves, os dados positivos, numa análise mais ampla, revelam que os indicadores de renda passaram a crescer num ritmo menor do que enxergamos nos anos anteriores. Em suma, podemos afirmar que o ambiente econômico percebido é desfavorável e reflete um sentimento de cautela que impede a evolução consistente do consumo no País”, resume Bacciotti.