Indecisão do governo mantém frete marítimo 47,1% mais caro para o Chile

Publicado em
30 de Novembro de 2016
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Estudo da FGV com 3 mil produtos mostra que acordo de transporte é prejudicial para o setor privado brasileiro. Câmara de Comércio Exterior decidiu pela denúncia, mas o ato ainda não saiu do papel

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) espera que a decisão unânime da Câmara de Comércio Exterior (Camex) em acabar com o acordo marítimo com o Chile se mantenha na reunião da Camex desta quarta-feira (30). Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, a denúncia do acordo é urgente e necessária para reduzir o preço do frete marítimo e permitir a competição na rota Brasil-Chile-Brasil.

O convênio marítimo bilateral é perverso para a competição, mantém apenas oito navios para atender 5 mil empresas e deu poder de monopólio para os transportadores no Brasil e no Chile.

Estudo inédito do Centro do Comércio Global e Investimento da Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que o frete marítimo entre o Brasil e o Chile é, em média, 47,1% mais caro do que deveria por causa do acordo. Do Chile para o Brasil, a ausência do livre comércio criou um frete 37% maior.


No entanto, quando se olha setorialmente, o sobrepreço pago pela indústria extrativa que exporta para o Chile é de 51,4%, as manufaturas pagam 46,4% a mais, a agropecuária 45,1% e o agronegócio 41,5%. Atualmente, o Chile é o sétimo principal mercado para os produtos de alto valor agregado do Brasil.

AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES – O estudo da FGV mostra que as exportações de manufaturas do Brasil para o Chile aumentariam 13,45% e o agronegócio subiriam 13,45%. Os principais benefícios para as exportações chilenas seriam na agropecuária, com incremento de 21,68% e na indústria extrativa, 19,4%.

A CNI avalia que o aumento da importação não é negativa, pois o Brasil importa insumos essenciais para a indústria, como o cobre. Com a abertura de mercado, os ganhos na corrente de comércio é de US$ 636 bilhões.

“O estudo da FGV reforça a posição da CNI de que não existem razões que justifiquem, em pleno século 21, a manutenção de um acordo que cria uma reserva de mercado. No Brasil, são quase 5.000 empresas negativamente afetadas por esse instrumento ultrapassado. Sabemos que o objetivo do governo brasileiro é destravar a economia e impulsionar o comércio exterior. Mas, para isso, a CAMEX precisa confirmar sua decisão”, diz o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Por Adriana Nicacio
Da Agência CNI de Notícias

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