Desde o dia 20 de maio, o navio porta-contêineres de Singapura MV X-Press Pearl arde em chamas no porto de Colombo, maior cidade e centro financeiro do Sri Lanka. A embarcação levava mais de 1.400 contêineres, que carregavam 25 toneladas de ácido nítrico, produtos químicos e cosméticos.
O fogo começou com uma explosão, provavelmente provocada por uma reação química, que feriu pelo menos duas pessoas e provocou a queda de contêineres na água, cujos destroços se espalham pela praia da região turística e pesqueira de Negombo. Treze dias depois, o início de um preocupante processo de afundamento tem o potencial provocar um desastre ambiental de grandes proporções no Oceano Índico. Afinal, junto com o navio, afundam-se centenas de toneladas de combustível.
O caso se soma ao encalhe do Ever Given no Canal de Suez e ao tombamento da carga do holandês Eemslift Hendrika, na lista de incidentes que preocupam a indústria e os transportadores por conta dos potenciais prejuízos, sem contar o mais recente caso deste mês, referente ao maior navio da Marinha do Irã que afundou após pegar fogo no Golfo de Omã em circunstâncias pouco claras, segundo agências de notícias iranianas. O incêndio ocorreu na madrugada da quarta-feira, 2 de junho, e levou a embarcação a naufragar perto do porto de Jask, cerca de 1.270 quilômetros a sudeste de Teerã.
Nas situações em que a avaria grossa for declarada, vale lembrar que isto implica no rateio de prejuízos e também das despesas extraordinárias decorrentes dos procedimentos de salvamento, sempre de maneira proporcional ao valor do navio, frete e todos os proprietários das cargas.
Mais uma vez, atestamos a importância do seguro de transporte para embarcações e suas cargas – agora, com o agravante de se tratar de uma carga com alto potencial explosivo. Para despachar produtos desse tipo em alto-mar com tranquilidade e evitar despesas extraordinárias, é recomendável que os importadores e exportadores façam sempre o seguro, que cobre todas as possíveis despesas decorrentes de um incidente – inclusive as relacionadas com a avaria grossa.
P&I – A Responsabilidade Civil
Depois da aeronáutica, a indústria marítima é hoje a segunda mais afetada no mercado de seguros. Na carteira, o primeiro impacto é no seguro atrelado ao casco e à responsabilidade da operação do navio; depois, nos seguros de porto e terminal; e, por último, no da própria carga.
O grande seguro por trás das operações marítimas é o P&I (Protection & Indemnity), que garante cobertura para os riscos de responsabilidade civil aos armadores, operadores e afretadores por danos causados pelo navio, e se configura como uma espécie de rateio entre toda a indústria marítima do mundo, por meio de clubes que fornecem cobertura de proteção e indenização a seus membros associados.
Se você tiver dúvidas sobre os principais incidentes relacionados ao transporte de carga ou outros riscos marítimos, entre em contato com seu consultor da Marsh.
Autor Sergio Caron - Diretor de Marine e Cargo da Marsh Brasil