Transportadores autônomos pedem reposição de 38% na tabela de frete para repor três anos sem reajustes e os recentes aumentos no preço do óleo diesel
Um impasse em relação ao valor do frete pago a transportadores autônomos paralisou a movimentação de carga e descarga no Porto de Salvador desde a última segunda-feira (14). Após os recentes reajustes no valor do óleo diesel e três anos sem reajustes na tabela de fretes, representantes dos caminhoneiros cobram das empresas transportadoras, que os contratam, um reajuste de 38% no valor do frete.
"Este percentual ainda está defasado, porque se fôssemos colocar na ponta do lápis todas as nossas perdas, iríamos cobrar um reajuste ainda maior, em torno de 42%", destaca o presidente do Sindicam – Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado da Bahia, Jorge Carlos da Silva.
Um dos representantes das transportadoras, José Rubem, da José Rubem Transporte e Equipamentos Ltda, diz que houve uma contraproposta das empresas, de 15% de reajuste, que foi considerada insuficiente pelos autônomos. "O valor dos fretes pagos ao autônomos é baixo por conta da crise. Houve um achatamento, ficou bem apertado", reconhece ele, mas complementa: "o que eles estão pedindo está muito acima do que pode ser dado".
Segundo Rubem, além de não colocar os veículos para rodar, os autônomos, que representam aproximadamente 70% da frota que movimenta importação e exportação no porto, ainda estariam fazendo pressão para evitar a circulação de outros veículos. "Não entra ou sai nada do porto e eles ameaçaram quem tentar movimentar alguma carga", afirmou.
Jorge Carlos, do Sindicam, afirma que houve uma recomendação para que todos os autônomos deixem os caminhões parados, mas nega qualquer tipo de movimentação para impedir que os veículos das transportadoras operem. "Orientei a todos os integrantes que deixassem caminhões em casa e fizessem suas manutenção. Nada de rodar para ninguém. Nós não podemos impedir eles (caminhões de transportadoras), mas eles mesmos não se sentem em condições de fazer o trabalho sem a gente", responde.
O diretor do Sindicam Luciano Oliva destaca que existem casos em que os autônomos recebem abaixo do valor referencial de frete, além de ter que arcar com taxas extras, como os pedágios entre Camaçari e Salvador. "Só com a ida e volta do pedágio gastamos R$ 44,20", destaca.