Impacto do peso por eixo sobre os pavimentos*

Publicado em
22 de Julho de 2016
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O desgaste do pavimento aumenta exponencialmente com a carga por eixo. Este expoente varia (entre 3 e 6) com o tipo e a estrutura do pavimento (mais ou menos espesso, rígido ou flexível, resistência da sub-base etc.)

 

Para efeitos didáticos, pode-se adotar um expoente igual a 4. Assim, pode-se afirmar que o desgaste relativo é proporcional à quarta potência da relação entre os pesos por eixo:
 

Desgaste de P2 em relação a P1 = (P2/P1)4


Uma sobrecarga de 50% mais do que quintuplica o desgaste do pavimento, reduzindo a sua vida útil a 1/5:  (1,544 = 5,06).


Uma sobrecarga de 20% mais do que dobra o desgaste  do pavimento reduzindo a menos da metade  a sua vida  útil:  1,24 = 2,07).


Uma sobrecarga de 10%  aumenta em 46% o desgaste do pavimento reduzindo em 1/4 a sua vida útil:  (1,14 = 1,46).


A OECD – Organization for Economic Cooperation and Development, depois de estudar criteriosamente a questão do controle de peso concluiu, muito incisivamente, que até 2% do PIB de um país podem ser dispendidos, por ano, em consequência de danos ocasionados pelo excesso de peso nas rodovias
 


Impacto das configurações


Como os caminhões apresentam eixos e grupos de eixos de várias capacidades, é preciso reduzi-los a um denominador comum.


o AASHO Road Test, realizado na década de cinquenta, adotou-se como denominador o eixo simples de 18.000 libras (8.165 kg). Convencionou-se que este eixo tem: 
 

FATOR DE EQUIVALENTE DE CARGA (FEC) = 1,00


Os fatores equivalentes de cargas dos demais eixos são  sempre  calculados em relação e este eixo unitário.


Concluiu-se que o tandem duplo era bastante amigável em relação ao pavimento. Um tandem duplo de 33.200 (15,08 t) libras produzia o mesmo desgaste por passada que um eixo isolado de 18.000 libras.


Posteriormente, relação semelhante foi desenvolvida para o tandem triplo, que também se mostrou muito amigável ao pavimento (FEC =1 para 22,95 t).


Pelo método DNER-PRO, podem ser utilizado os denominadores e expoentes da tabela 1, para cálculo dos fatores veiculares.

 

Tabela 1 – Fatores de equivalência de carga pelo método DNER-PRO

EIXO

t

FEC

FEC/t

Divisor

Expoente

Simples 2 pneus

6

0,327

0,05

7,77

4,32

Simples 4 pneus

10

2,394

0,24

8,17

4,32

Duplo

17

1,642

0,10

15,08

4,14

Triplo

25,5

1,560

0,06

22,95

4,22



Aplicando-se este método as às configurações mais usuais de caminhões, conclui-se que os veículos com maior número de eixos nem sempre são desfavoráveis ao pavimento. Todos eles, exceto a Vanderléia (que tem muitos eixos isolados), mostram-se mais amigáveis para o pavimento do que o caminhão simples de dois eixos (tabela 2).

 

Tabela 2 - Impacto das configurações mais usadas sobre o pavimento

Configuração

Eixos

PBTC(t)

FV

FV/t

Caminhão simples

2

16

2,723

0,160

Caminhão trucado

3

23

1,953

0,085

Bitruque 8x2

4

29

3.906

0,135

Cavalo mecânico 4x2 + carreta de 3 eixos

5

41,5

4,283

0,103

Cavalo mecânico 6x2 + carreta de 3 eixos

6

45

3,513

0,072

Vanderleia

6

53

9,135

0,172

Bitrem

7

57

5,201

0,091

Bitrem

9

74

5,073

0,069

Rodotrem

9

74

5,201

0,070



Quanto mais eixos em tandem duplo ou triplo tiveram a configuração, mais amigável ela será para o pavimento. Da mesma forma, quanto mais eixos isolados, maior será o fator veicular (FV) por tonelada bruta.


Métodos baseados nos estudos do Corpo dos Engenheiros do Exército dos EUA (DNER e DER-SP) levam a resultados opostos.


Estudos posteriores, derivados do método AASHO, confirmaram a vantagem dos eixos em    tandem, tanto duplos quanto triplos em relação aos eixos isolados.


Métodos mecanísticos mais recentes, baseados em programas de simulação, confirmam os resultados do método AASHO.

 

Neuto Gonçalves dos Reis
Diretor Técnico Executivo da NTC&Logística, membro da Câmara Temática de Assuntos Veiculares do CONTRAN e presidente da 24ª. JARI do DER-SP.
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