Iata diz que terminal novo de Guarulhos mantém gargalos

Publicado em
12 de Dezembro de 2014
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A Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata) apresentou nesta quarta-feira a construção do terminal 3 do Aeroporto de Guarulhos como um exemplo internacional de ’oportunidade perdida’, com manutenção de gargalos que continuam a atormentar companhias aéreas e passageiros.

David Stewart, diretor de Desenvolvimento de Aeroportos, disse numa exposição para jornalistas internacionais que o concessionário do T3 de Guarulhos não entendeu que o aeroporto é um grande ’hub’ internacional e o quanto é importante facilitar a conexão de passageiros para outros vôos.

Apontou demora na imigração, e sobretudo longas filas para os passageiros fazerem a transferência de vôos, que é um componente importante para qualquer companhia aérea. ’Não houve nenhuma melhora no processo e tempo de conexões’, afirmou. Existem relatos de passageiros que perderam mais facilmente as conexões em Guarulhos diante de tanta fila".

Além disso, o T3 de Guarulhos surge como exemplo de grande projeto de infraestrutura cuja magnitude não vai necessariamente acomodar o crescimento previsto no aumento de vôos e de passageiros, de acordo com a Iata. A entidade projeta que o número de passageiros no aeroporto, de 36,2 milhões este ano, terá crescimento de 11,4% em média anual e sua plena capacidade será atingida dentro de quatro anos.

Para a Iata, o problema deve-se à falta de diálogo da concessionária com as companhias aéreas. De maneira geral, a entidade menciona projetos com prazos irreais e mega-aeroportos vistos como ’troféus’ por governos.

Pouco antes, o diretor-geral da Iata, Tony Tyler, disse que ’o diálogo da Anac com as empresas é inadequado’, manifestando preocupação com a falta de comunicação, ainda mais no contexto de ’pressões’ em vista de preparação para as Olimpíadas dentro de 18 meses.

A Iata pede aa Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Secretaria de Aviação Civil (Sac) ’consultas efetivas’ com as companhias aéreas nas discussões de privatização e concessoes de aeroportos, alegando que afinal as empresas que vão usar os equipamentos depois.

Nas Américas, outros dois exemplos negativos são os novos terminais de Quito e de Bogotá, que foram construídos pequenos demais, menores do que o anterior e já com plena capacidade. Na Europa, a indagação é sobre o projeto de construção do novo aeroporto de Roma, custando US$ 4,5 bilhões de euros, quando a atividade aérea na capital italiana está é diminuindo.

Em Atenas, a manutenção do novo aeroporto é tão cara que as companhias aéreas em geral não conseguem pagar os custos cobrados pela gestão local. Na Espanha, o aeroporto de Ciudad Real, na área urbana de Madrid, custou 1,1 bilhão de euros, foi aberto em 2009 e fechado em 2012 depois de ter recebido nao mais de 100 mil passageiros.

A construção do aeroporto de Castellon, que custou 200 milhões de euros, foi completada em 2011. Mas até hoje não recebeu nenhum passageiro ou voo.

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