Greve dos caminhoneiros tem pouca adesão no País

Publicado em
25 de Julho de 2012
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Manifestação dos caminhoneiros autônomos teve início à zero hora de hoje com focos isolados de mobilização. Movimento organizador admite que apenas o transporte de longa distância se demonstrou favorável, mas que outros segmentos operam normalmente

No Pátio do Ceagesp, em São Paulo, local onde existe uma das maiores concentrações de caminhões na capital paulista: movimento normal e sem ocorrências por causa da greve

A manifestação nacional dos caminhoneiros autônomos, organizada pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro, que prometia a desmobilização do setor de cargas no País com a paralisação dos quase 600 mil transportadores autônomos, começou o dia com baixa adesão da categoria e não afetou as atividades e o fluxo nas estradas.

O Setcergs (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul) afirmou que orienta as empresas associadas a não liberar os caminhões para viagens caso aconteçam protestos, pois, nesse caso, os veículos e as cargas perdem a cobertura do seguro, mas informou que as operações fluem normalmente.

A precaução com atos de vandalismo foi um dos motivos que levaram alguns transportadores reduzirem a frota em atividade hoje, como no caso do transporte de frigorificados no Mato Grosso, mesmo que o Estado não tenha aderido à paralisação. No meio da noite desta terça-feira (24/05), a Justiça Federal concedeu liminar a um pedido de proibição de bloqueios em rodovias federais no Rio Grande do Sul, destinada especificamente ao MUBC. Caso haja interdições nas estradas por causa da greve, a entidade será multada em R$ 50 mil por hora de paralisação.

No Porto de Paranaguá, caminhoneiros realizaram protestos, mas não interromperam as atividades, como era programado. Em São Paulo não há relatos de adesão até o momento.

O presidente do MUBC, Nélio Botelho, afirmou que o esforço do movimento está voltado para a dispersão de atos de violência ou tumulto e acredita que a paralisação ocorre com sucesso. Botelho admite que os profissionais que fazem o transporte de curta distância e a distribuição urbana de carga não aderiram à paralisação, mas recebeu apoio dos caminhoneiros que realizam viagens de longa distância.

Em comunicado no site oficial do MUBC (www.uniaobrasilcaminhoneiro.org.br), Nélio Botelho acusa as entidades que se demonstraram contrárias à paralisação, como a UNICAM (União Nacional dos Caminhoneiros), a Fecam (Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e a CNTTT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Transporte Terrestre), de estarem defendendo interesses pessoais, uma vez que recebem, segundo ele, comissões das operadoras de cartão de crédito que operam o cartão-frete. “Se não apoiam é porque nunca fizeram nada pela categoria”, comenta Botelho.

De acordo com representantes destas entidades, Nélio Botelho não participou de nenhuma das 11 audiências públicas realizadas com o Senador Paulo Paim, autor do projeto de lei 271, que institui o estatuto do motorista, onde consta a medida que prevê a carga horária dos profissionais e os períodos de descanso, que é um dos pontos contestados pelo movimento.

Segundo informações, Botelho teria ainda assinado, por duas vezes, um documento de apoio para o fim da carta-frete, demonstrando adesão à causa em nome das duas entidades em que é presidente: o MUBC e o Sindicam-RJ-ES (Sindicato dos Transportadores Rodoviários de Bens Dos Estado do Rio de Janeiro e Espírito Santo). Um dos pontos defendidos na manifestação propagada pelo MUBC é, justamente, a revogação da medida da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) que acaba com essa forma de pagamento e institui o novo sistema.

A convocação para a greve seguiu mesmo após a ANTT divulgar publicamente que pretende debater as medidas que envolvem as reivindicações da paralisação, em um Fórum que está programado para agosto. Botelho afirma que a Agência não realizou contato oficial com o MUBC.

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