O Ministério da Agricultura vai lançar um plano logístico voltado para o agronegócio, disse, ontem, o ministro da Agricultura em exercício, Eumar Novacki, na abertura, em São Paulo, do Summit Agronegócio 2017, uma iniciativa do Estado. O lançamento deve ocorrer internamente, no ministério, na primeira quinzena de dezembro, para depois ser apresentado ao público. Segundo Novacki, o plano atende a todos os modais com planejamentos de curto, médio e longo prazos. “Estamos mapeando onde o agronegócio pode se tornar mais eficiente.”
A ideia é levantar também em quais áreas o governo deve ter parcerias público-privadas, concessões e investimentos próprios. Novacki disse que já há um cálculo sobre o montante a ser investido no projeto, mas não quis antecipar as cifras. “É um plano voltado para o escoamento de safra em todas as áreas, cana, soja, milho, tudo onde conseguirmos reduzir o custo de produção.”
O diretor-presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto, ressaltou, em discurso no evento, a importância do agronegócio na retomada da economia brasileira. “Responsável por um quarto do PIB do Brasil, o agronegócio tem minimizado a crise econômica vivida pelo País.”
Entre os participantes do evento, o vice-presidente global de assuntos corporativos da Bunge, Stewart Lindsay, disse que os dias atuais têm sido dinâmicos e desafiadores para o agronegócio e que o futuro da empresa está relacionado ao sucesso da agricultura brasileira. Segundo Lindsay, o aumento da demanda mundial por alimentos e as mudanças climáticas que desafiam a produção estão no contexto do mercado hoje.
Com relação ao crescimento tecnológico e às inovações do setor, o executivo afirmou que a produção agrícola conta com melhores dados e interpretações desses dados, e que o “acesso à informação significa que consumidores podem saber mais sobre os alimentos que compram”, sustentando a demanda na ponta. Em paralelo ao desenvolvimento tecnológico, Lindsay enfatizou que há responsabilidade ambiental no setor. “Vemos grande conexão entre práticas sustentáveis e a performance econômica dos produtores. O desmatamento não tem lugar em cadeias de valor do século 21.”
Financiamento. O desembolso do crédito agrícola do Banco do Brasil cresceu 27% desde o início do ano safra 2017/18 em julho deste ano, disse o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Tarcísio Hübner, ao Broadcast Agro, nos bastidores do summit. Ele não soube informar os valores, mas afirmou que o crescimento da contratação neste momento está ainda acima disso. “Tivemos uma supersafra que incentivou os investimentos”, comentou.
Ele salientou que o banco vem melhorando o acesso ao crédito “indo a campo”, com técnicos e novas modalidades. “É um conjunto de fatores”, disse sobre o crescimento. Ele ressaltou que neste ano, algumas linhas estão se destacando, como o crédito voltado para armazenagem, que estava estagnado e “voltou a crescer”. Para o próximo ano, ele acredita que a tendência seja de juros decrescentes, acompanhando a economia.
O presidente da Strider, Luiz Tângari, acredita que as startups são atualmente a forma “mais eficaz de transformar mercados rapidamente”. “Produtores são ótimos experimentadores, mas para eles adotarem tecnologia precisam ver utilidade”, disse Tângari durante um dos painéis do Summit Agronegócio 2017, realizado ontem, em São Paulo. Para ele, esses “berçários” de empresas são capazes de pegar tecnologias sofisticadas e transformar em produtos que possam ter utilização prática. “Não adianta pintar mapa colorido se a pessoa não souber usar dados”, disse.
A empresa de Tângari desenvolve inovações tecnológicas para o mercado agrícola.