Gasolina está mais cara no Brasil do que no mercado internacional

Publicado em
14 de Março de 2016
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O valor do barril do petróleo vem despencando e derrubando a gasolina pelo mundo, menos no Brasil.

O valor do barril do petróleo vem despencando e derrubando o preço da gasolina pelo mundo, menos no Brasil. Tóquio e em Nova York são países onde o preço da gasolina segue a cotação do petróleo. E o motorista está fazendo economia.

É preciso muito gás pra produzir 5 mil pãezinhos por dia. Mas o forno quente derreteu o orçamento da padaria. Nos últimos seis meses a conta do gás subiu de R$ 7 mil para R$ 11 mil reais por mês - uma alta de 57%.

Com a gasolina não foi diferente. Para os pães serem levados de carro até os clientes, o gasto chega a R$ 1,8 mil por mês de combustível - uma alta de 33% no mesmo período.

“Hoje a gente leva em consideração o preço do combustível como um formador de preço. Isso acontece no pão, a gente está discutindo isso no pão francês, por exemplo, o qual eu tenho o maior desafio de não repassar na íntegra o que acontece com essa elevação maluca do preço do combustível”, diz o empresário Rodrigo Ayres.

Os preços dos combustíveis no Brasil dispararam exatamente no período em que o valor do barril de petróleo no mercado internacional despencou. Ou seja, a realidade é bem diferente da maioria absoluta dos países do mundo onde a queda dos preços dos derivados do petróleo tornaram as economias desses países mais competitivas.

A pedido do Bom Dia Brasil, o Centro Brasileiro de Infraestrutura comparou os preços da gasolina e do diesel cobrados esta semana no Brasil e no mercado internacional. Os preços foram comparados por litro de combustível cobrado nas refinarias. A gasolina brasileira é 36,5% mas cara do que a vendida lá fora. A diferença do preço do diesel é ainda maior. No Brasil, o produto está 46% mais caro.

Quem paga mais caro pelo combustível não entende por que isso acontece.

“Se lá pra fora eles vendem mais barato, por que a gente não pode pagar mais barato?”, questiona o eletrotécnico Raimundo Nonato Alves.

“Você fica se perguntando o que acontece que a gasolina, o combustível só aumenta enquanto o petróleo vai reduzindo. Que mágica é essa, que equação é essa?”, diz o psicólogo Luciano Ratto.

O Bom Dia Brasil fez essa pergunta pra Petrobras. A empresa disse - em nota - que a política de preços da companhia tem por objetivo o alinhamento entre os preços domésticos e internacionais, evitando refletir a volatilidade dos preços do petróleo e as oscilações no câmbio.

O economista Adriano Pires do Centro Brasileiro de Infraestrutura deu outra explicação. Ele diz que o governo segurou o aumento do combustível enquanto a cotação do petróleo subia no mercado internacional. Era uma tentativa de reduzir o impacto na inflação. Adriano Pires diz que isso ajudou a colocar o caixa da Petrobras no vermelho e, agora, o consumidor paga a conta.

“Agora, com o colapso desse preço do barril, o governo resolveu que a Petrobras ia começar a repor essas perdas do passado. Infelizmente, hoje não tem como baixar o preço da gasolina e do diesel, porque se você baixar o preço da gasolina e do diesel você quebra a Petrobras mais ainda, você acaba de acabar com Petrobras, então o consumidor vai ter que arcar com essa responsabilidade”, explica Adriano Pires.

Se lembra da padaria que passou a gastar muito mais com a elevação dos preços dos combustíveis?

O dono substituiu o carro pela bicicleta nas entregas de pão num raio de três quilômetros.
E não é que deu certo?

“Eu dobrei o número de entregas pra esse pedaço, tentei reduzir um pouco o quanto eu pagava de repasse para o combustível, mas eu tenho uma boa manobra e é curioso como país em crise eu estou em franca expansão”, conta Rodrigo Ayres.

Nos Estados Unidos e no Japão, motoristas economizam com queda nos preços

Haja gasolina para saciar a sede dos americanos. Mesmo que não tenha carro e nem saia de casa, cada americano gasta, em média, 4,5 litros de combustível fóssil por dia. Isso porque depende de bens e alimentos que chegam pelas estradas.

O economista da universidade de Nova York Joseph Foudy explica que o preço dos combustíveis depende da política fiscal de cada país. Nos Estados Unidos, o imposto é baixo.

Além disso, outros fatores empurraram os preços para baixo. As bombas acompanham o mercado. Se o petróleo está mais barato, a gasolina, também cai. A exploração com o petróleo de xisto despejou milhões de barris no mercado americano. A redução da demanda na China derrubou os preços internacionais.

Gasolina barata significa mais dinheiro no bolso. A Rafaela tem um restaurante que entrega comida em Nova York. Dirige até 1,2 mil km por dia. Quando abriu, há um ano, o litro saia pelo dobro do que custa hoje. O tanque mais em conta deu um empurrão nos negócios.

“Com essa economia com a baixa da gasolina, eu economizo de um lado e por outro lado eu pago um motorista que me ajuda nas entregas. Ele paga a gasolina dele, mas eu pago por hora um salário e a gente conseguiu dobrar as entregas, dobrar o lucro, dobrar a clientela. Graças à gasolina”, conta a empresária Rafaela Negrão.

As famílias americanas economizaram US$ 115 bilhões graças à queda dos preços dos combustíveis só no ano passado. Esse dinheiro voltou pra economia. Foi gasto no comércio e na quitação de dívidas com a casa própria.

Entre os países desenvolvidos, os Estados Unidos têm o combustível mais barato.

O preço médio na bomba americana é de R$ 2,30 o litro.

É bem mais em conta do que no Japão, onde o preço da gasolina também segue a cotação do petróleo.

O petróleo também é a principal fonte de energia do Japão e o país importa grande parte do que consome no dia a dia.

A queda do preço no mercado internacional já chegou às bombas de combustíveis daqui. A gasolina está bem mais barata. Hoje o motorista gasta quase a metade do que em 2008 pra encher o tanque, sai por R$ 200.

A tecnologia também ajudou a economizar combustível. E a boa notícia é que está sobrando mais dinheiro no bolso do consumidor pra ir às compras, passear coma família ou simplesmente economizar.

 

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