Fábricas que já enfrentavam escassez de componentes essenciais e energia e matérias-primas mais caras agora são obrigadas a pagar mais para conseguir espaço nos navios
O estrangulamento nas cadeias de suprimentos que deveria ser temporário agora parece fadado a durar até o ano que vem, com o avanço da variante delta do coronavírus atrapalhando a produção nas fábricas na Ásia, interrompendo o transporte marítimo e causando mais choques na economia mundial.
Fábricas que já enfrentavam escassez de componentes essenciais e energia e matérias-primas mais caras agora são obrigadas a pagar mais para conseguir espaço nos navios. Os fretes estão batendo recordes e alguns exportadores estão elevando preços ou simplesmente cancelando embarques de mercadorias.
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“Não conseguimos componentes suficientes, não conseguimos contêineres e os custos aumentaram tremendamente”, lamentou Christopher Tse, CEO da Musical Electronics, empresa com sede em Hong Kong que faz uma variedade de produtos de consumo, como alto-falantes Bluetooth e o Cubo Mágico.
Tse disse que os ímãs usados no Cubo Mágico ficaram 50% mais caros desde março, elevando o custo de produção do brinquedo em cerca de 7%.
O empenho da China para eliminar a Covid significa que um pequeno número de casos pode causar grandes interrupções no comércio internacional. Este mês, o governo paralisou por duas semanas o porto de Ningbo — que ocupa o terceiro lugar no ranking global de movimentação de contêineres — após constatar que um único trabalhador do local foi infectado com a variante delta. Este ano, portos de Shenzhen foram fechados após a descoberta de alguns casos de coronavírus.
“O congestionamento dos portos e a falta de capacidade para transporte de contêineres podem perdurar até o quarto trimestre ou meados de 2022”, afirmou Hsieh Huey-chuan, presidente da Evergreen Marine de Taiwan, a sétima maior empresa do mundo no transporte marítimo de contêineres, em boletim a investidores distribuído em 20 de agosto. “Se não for possível efetivamente conter a pandemia, o congestionamento portuário pode se tornar o novo normal.”