Galvão demite e ameaça parar obra na BR-153

Publicado em
03 de Março de 2015
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A Galvão Engenharia demitiu mais da metade dos funcionários que trabalhavam nas obras e na operação da BR-153, entre Anápolis (GO) e Aliança do Tocantins (TO). Das 360 pessoas que haviam sido contratadas até agora para levar adiante o projeto de expansão e melhoria da rodovia, 187 foram demitidos entre a semana passada e ontem.

A rodovia, de 624 quilômetros, foi leiloada em maio do ano passado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e prevê investimentos de R$ 4,36 bilhões durante 30 anos de concessão. A empresa venceu sozinha o leilão, com deságio de 45,99%.

O problema é que ela está envolvida na Operação Lava Jato, que investiga corrupção nos contratos da Petrobrás. Desde então, a empresa está com o caixa debilitado e sem acesso a crédito, especialmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para tocar as obras, ela esperava conseguir um empréstimo ponte de R$ 798,5 milhões do banco de fomento.

Pelas novas regras dos contratos de concessão, a concessionária apenas pode iniciar a cobrança do pedágio depois que comprovar a duplicação de 10% do total previsto no edital.

Ocorre que, com o envolvimento da empresa no escândalo de corrupção, o BNDES não liberou o dinheiro para as obras. O empréstimo pedido pela empresa ao banco soma R$ 2,66 bilhões.

Diante do impasse, a empresa enviou uma carta à ANTT relatando a dificuldade para conseguir o dinheiro e alertando para problemas no cronograma do projeto. As negociações para o financiamento da obra, na modalidade project finance (em que o projeto é a garantia do empréstimo), começaram em agosto do ano passado, um mês antes de a empresa assinar o contrato de concessão com a empresa.

 

Em setembro, o BNDES incluiu o projeto para análise de viabilidade e, no mês seguinte, encaminhou uma relação de documentos exigidos para a concessão do empréstimo ponte. A documentação foi entregue até 1.º de dezembro. Até agora, no entanto, o banco de fomento não liberou o dinheiro.

 

A empresa investiu na estrada R$ 194 milhões em obras tapa-buraco, compra de ambulâncias e guinchos. Sem o financiamento, a Galvão argumentou na carta enviada à ANTT que seria inviável manter as obras, incluindo as emergenciais, comprar os equipamentos e fazer a contratação do pessoal no ritmo adequado. Procurada, a ANTT não respondeu ao pedido de entrevista.

 

A companhia afirma que cumpriu todas as exigências feitas pelo BNDES e que, portanto, poderia requerer um reequilíbrio econômico financeiro por causa dos atrasos, uma vez que isso se caracterizaria como atraso do poder concedente no cumprimento de suas obrigações.

Desde o início da Operação Lava Jato a Galvão vive sérios problemas de caixa. Recentemente a empresa fechou a divisão de engenharia industrial, a mais ligada aos projetos da Petrobrás. Ela argumenta que, além das dívidas vencidas, tem cerca de R$ 900 milhões a receber da estatal, que paralisou todos os pagamentos desde 2014.

Nas últimas semanas, o grupo adiou quatro vezes o pagamento de debêntures que venceram em 12 de fevereiro. Em acordo com os investidores, o vencimento foi postergado para amanhã.

Empresas envolvidas. Além da Galvão, outras companhias envolvidas na Lava Jato passam por dificuldades. Em janeiro, a Alumini Engenharia entrou em recuperação judicial e agora prepara um plano para apresentar aos credores, de quase R$ 1 bilhão. A Engevix, sócia dos aeroportos de Brasília e São Gonçalo do Amarante (RN), vendeu uma subsidiária para fazer frente aos compromissos, como investimentos e pagamento de dívidas. A OAS deixou de pagar títulos vencidos e corre o risco de entrar em recuperação judicial.

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