Frete rodoviário no Brasil ainda é barato

Publicado em
17 de Abril de 2012
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O setor de transporte de cargas cresce e se desenvolve a cada dia no mercado nacional. Em 2011, o setor representou 3% do PIB – Produto Interno Bruto. Para o transporte de cargas foi considerado um ano estável. Mas, mesmo com tanto crescimento e desenvolvimento, o setor ainda apresenta muitos falhas e problemas, como o valor do frete no Brasil, que continua cada vez mais baixo.


Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos (DECOPE), da NTC&Logística, revela que o frete no Brasil sofre defasagem de 11,95%. Com isso, é preciso prestar atenção em alguns fatores, que influenciam direta ou indiretamente em um valor tão baixo.

“Esse percentual de 11,95% é um cálculo que atinge o mínimo desejável para equilibrar receitas e despesas das companhias. A atualização dos valores tarifários é imprescindível para o setor enfrentar os desafios do mercado nacional”, afirma Flávio Benatti, presidente da NTC&Logística.

O setor de transporte de cargas, ao longo dos anos, sofre com problemas, que têm afetado o desempenho das empresas e a qualidade dos serviços. São diversos problemas como: falta de motoristas no mercado, renovação da frota, novas exigências ambientais, para atender o PROCONVE P7, restrições aos veículos de carga nas principais vias da cidade, cobranças de pedágios e o valor baixo do frete, que afeta diretamente a economia e o crescimento do setor, que fica impossibilitado de crescer, pois não atrai mais tantos motoristas.

O valor médio pago pelos fretes rodoviários é muito baixo em comparação com os custos gerados. O frete baixo é um grande problema, pois compromete o desenvolvimento do setor, impedindo seu crescimento, afetando o desenvolvimento e compro- metendo a economia do país.

A diferença entre os custos e o preço do frete apresenta o que pode ser entendido como uma margem operacional média negativa. As principais alternativas do setor para lidar com isso seria reduzir a manutenção dos veículos, impor uma jornada excessiva de trabalho, carregamento acima do peso máximo, inadimplência fiscal, entre outros, que acabaria comprometendo ainda mais a segurança nas estradas e a vida dos caminhoneiros. Diante disso, entidades e sindicatos do setor buscam sempre alternativas para encontrar soluções e mudar esse cenário precário e de defasagem no valor dos fretes pagos aos motoristas.

As pequenas barreiras para que o motorista entre no mercado e as altas barreiras de saída resultam no baixo valor do frete, pois acaba gerando uma oferta de transporte maior que a demando do mercado.

De acordo com uma pesquisa da CNT – Confederação Nacional do Transporte – as principais questões que motivam a entrada de novos motoristas são o alto índice de desemprego e a facilidade para se tornar um motorista autonomo (já que ele necessita apenas da Carteira de Habilitação e do caminhão), mas, diante disso, é importante ressaltar que, apesar de existir uma certa facilidade em entrar na profissão, os custos com manutenção do veículo, pneus, combustível e fretes são altos, tornando a remuneração do motorista muito baixa e pouco atrativa.

Um outro fator que influencia no valor baixo do frete é a falta de estímulos ou qualquer exigência para a renovação da frota brasileira, que resulta em um frete mais barato, porém, que representa um aumento no perigo e falta de segurança nas estradas, que tem como resultado final um empecilho na produtividade.

A falta de investimentos na manutenção do veículo também é apontada pela pesquisa como um dos fatores que influenciam em um frete tão baixo. De acordo com os resultados apresentados pela pesquisa, os custos de manutenção envolvendo peças, mão-de-obra e pneus é de apenas R$ 0,23 por quilometro. Os gastos médios com manutenção dos motoristas autônomos está entre R4 0,16 por quilometro rodado, ou seja, cerca de 70% do que é considerado adequado.

O transporte de cargas também sofre com o aumento da capacidade estática da frota, que gera uma diminuição no lucro em cada frete. A falta de infraestrutura nas estradas também contribui para o valor defasado do frete, pois faz com que muitos motoristas tenham que arcar com a manutenção do veículo devido ao surgimento de diversos problemas ocasionados pelas condições precárias de algumas estradas.

Ainda existem muitos problemas que assombram o setor de transporte de cargas e influenciam seu desenvolvimento e crescimento. Percebe-se que com tanta falta de regras, o resultado é o aumento da oferta de transporte, que passa a ser feito com baixa qualidade e pouca segurança, o que permite pressões no mercado, fator que acaba influenciando em uma significativa redução dos valores dos fretes pagos aos motoristas.

O transportador deve levar em conta todos os aspectos apontados, para não comprometer o rendimento de sua empresa e a segurança da mercadoria. O motorista autônomo também deve estar atento, pois diante de um valor tão precário, se vê obrigado a fazer mais e mais fretes, para atingir um valor em que ele possa fazer manutenções no veículo e garantir o dinheiro para seu sustento. Mas, o importante mesmo é estar atento ao mercado, procurar deixar o veículo em boas condições e procurar fretes que lhe possibilitem uma qualidade de vida e um transporte adequado, sem precisar colocar em risco sua segurança nas estradas.

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