Frete rodoviário mais caro em MT compromete 23% do preço da soja

Publicado em
26 de Fevereiro de 2013
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Plantação de soja em cidades de Mato Grosso.

O frete rodoviário para alguns trechos em Mato Grosso, principal produtor brasileiro de grãos, ficou até 68% mais caro na última semana, na comparação com o montante desembolsado nos sete dias anteriores.

Quem antes pagava R$ 80/ton para escoar a produção agrícola de Campo Verde ao terminal ferroviário de Alto Taquari agora precisa reservar R$ 135/ton. A variação sobre o custo do frete já compromete 23,3% do preço da soja em Mato Grosso. Em fevereiro de 2012 eram outros 20,3%.

Enquanto a despesa com transporte tornou-se maior, o preço da oleaginosa desvalorizou. Entre primeiro de janeiro até a sexta-feira (22) foram 9,1%, saindo de R$ 51,50 para outros R$ 46,80. Segundo os especialistas, isto interfere diretamente na relação de ganhos pelo produtor.

"Além da soja estar num movimento de queda nesse começo de ano até agora, um aumento no preço do frete começa a comprometer o preço da soja", avaliou Cleber Noronha, analista do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Mas conforme o mesmo instituto, em algumas praças do estado, a relação preço da soja versus frete atingiu os 27%. O panorama traduz o exemplo de Sorriso, na região médio norte.

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"Na sexta-feira a soja recebida no porto girava em torno de R$ 64,50. Eram R$ 17,40 só para custear o frete, ou seja, 27% de comprometimento", salientou ainda Noronha ao G1.
Especialistas e o setor de transportes concordam que a alta nos preços dos combustíveis, a forte demanda (época de colheita e escoamento), frota insuficiente, condições de infraestrutura das estradas, por exemplo, contribuíram para as despesas maiores.

"Há uma demanda muito alta e está faltando caminhão. Muitos estão migrando para o Sul do país, pois o frete está mais atrativo lá", considerou Cleber Noronha.
No trajeto Rondonópolis a Santos o valor do frete passou de R$ 150 para R$ 200, alta de 33%. Já entre Sorriso a Paranaguá, chegou aos R$ 300. Na extensão Campo Novo do Parecis a Paranaguá (SP), variou de R$ 220 para R$ 285, segundo mensurou o Imea.

O diretor-executivo do Sindicato das Empresas dos Transportes de Cargas em Mato Grosso (Sindmat), Gilvando Alves de Lima, diz que nos últimos oito anos o preço do frete apresentou variação especialmente em épocas de safra, quando a demanda por veículos cresce a medida que se realizam a colheita e o escoamento da produção agrícola.

Mas em 2012 outra conjuntura impactou. Ela envolveu a nova lei de descanso para os motoristas, alta no preço do diesel, bem como as condições das rodovias estaduais e federais. O primeiro bimestre de 2013 ainda puxou os reflexos de um ano desfavorável, conforme o segmento.

Mas, ao mesmo tempo, o diretor do Sindicado destaca que o crescimento do preço em patamares acima de 45% surpreende. "Preocupa um índice superior a 45%, pois pode ser sinal até mesmo de uma anomalia", disse Lima.

Em 2012/13 Mato Grosso deve colher acima de 24 milhões de toneladas, segundo projeção do Imea. Para os especialistas, a demanda por veículos deve manter os custos do transporte rodoviário elevados até o fim do escoamento.

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