Frete rodoviário de grãos sobe até 60%

Publicado em
11 de Janeiro de 2016
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Aumento de custos do transporte e correria para exportar a produção justificam disparada, que não assusta o agronegócio

Marcos Zanutto

Sem levantamento atualizado do valor do frete no Paraná, especialista calcula elevação de 35% no custo da tonelada transportada de Cascavel a Paranaguá

Em um ano, o valor do frete rodoviário de grãos subiu entre 30% e 60%. Na primeira semana de janeiro de 2015, a tonelada transportada de Campo Verde (MT) a Paranaguá, por exemplo, custava R$ 150. Na semana passada, chegou a R$ 245, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). De Rondonópolis (MT) a Maringá, custava R$ 110 e agora está a R$ 150 (36% de aumento). Não há levantamento atualizado de frete dentro do Paraná, mas, segundo o engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eugenio Stefanelo, o custo da tonelada transportada de Cascavel a Paranaguá aumentou 35%.

O superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Carga de Maringá (Setcamar) e vice-presidente de Agronegócio da NTC&Logística, Geasi Oliveira de Souza, afirma que o frete disparou nos últimos meses devido à correria para transportar a boa safra de milho (safra 14/15) e dar espaço à soja que começa a ser colhida no Mato Grosso. "Aqui em Maringá não tem nenhum caminhão agora. Todo mundo subiu para puxar a safra do Mato Grosso", afirma.

Boa parte da frota nacional graneleira, segundo Souza, se dedica às safras de Mato Grosso e do Paraná. "Primeiro fazem lá e depois aqui", explica.

Ítalo Lonni Junior, proprietário da transportadora Compager, de Londrina, afirma que o frete subiu 25%. Mas não só devido ao aumento da demanda pelo serviço. "O preço do óleo diesel subiu demais, além do de outros insumos. O pedágio também é muito caro", afirma. Ele reclama de o Paraná não estar respeitando a lei federal que concede isenção de pedágio para eixos suspensos de caminhões, quando vazios.

O empresário também ressalta que as chuvas, principalmente em novembro, atrapalharam o trabalho de transbordo no porto. "Houve acúmulo de trabalho que agora estamos tendo de compensar. O fluxo de subida e descida (para Paranaguá) ficou comprometido", declara.

Outro motivo que justificaria o aumento do frete, na opinião de Lonni, é uma suposta redução na oferta do transporte. "O setor está quebrado. Muitas empresas estão encostando seus veículos por falta de manutenção. No ano passado, entrou menos caminhão no mercado. A oferta de equipamento está menor", afirma. A venda de caminhões caiu 47% no País de 2014 para 2015.

PRODUTORES
Para o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística da Aprosoja, Edeon Vaz Ferreira, o valor do frete não assusta o produtor porque, em dólar, não houve aumento. "A tonelada transportada em janeiro do ano passado, de Sorriso a Santos, era 85 dólares. Agora, está a 80. O produtor não raciocina em reais", afirma.

Ele considera que o aumento se justifica pela elevação dos custos do transporte rodoviário de carga, principalmente com diesel e pedágio. E não acredita que haja menor oferta de transporte. "Existem mais de 300 mil caminhões sobrando no País." Por isso, Ferreira não acredita em disparada do frete no pico da safra. "E também porque a produção será menor devido à seca em Mato Grosso", alega.

Eugenio Stefanelo concorda com ele. O aumento do frete não assusta na atual safra porque o produtor está bem remunerado devido ao aumento do dólar. "Apesar da queda dos preços internacionais, o produtor está em vantagem devido ao câmbio", afirma. Os bons preços fizeram os produtores acelerarem a venda. "Mais da metade da soja (da safra 15/16) já está vendida. E o milho (14/15), que nunca foi vendido antecipadamente, teve venda antecipada desta vez", conta.

A corrida ao porto e o aumento dos custos do transporte justificam a elevação do frete que, segundo ele, ficará em alta durante todo o ano. "Terminando o milho, a soja vem com força. E, depois da soja, nova safra de milho. O mercado de frete permanecerá aquecido."

Nelson Bortolin
Reportagem Local

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