Frete impede desaceleração do preço de alimentos no varejo

Publicado em
28 de Maio de 2013
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Os altos custos do frete no Brasil têm sido o principal entrave para repassar ao varejo a deflação vista desde o início do ano nos produtos agropecuários no atacado

A expectativa entre os analistas é de que a alta dos preços dos alimentos no varejo continue desacelerando, em alguma medida, nos próximos meses como reflexo da deflação no atacado

Os elevados custos do frete no Brasil têm sido o principal entrave para o repasse ao varejo da deflação vista desde o início do ano nos produtos agropecuários no atacado, impedindo uma desaceleração mais contundente dos preços ao consumidor.

Na avaliação de analistas, o cenário aponta para um alívio no preço dos alimentos sim, mas ele ainda será insuficiente para o consumidor final sentir em seu bolso de forma plena. Isso porque os preços dos fretes foram afetados por variáveis perenes, como aumento nos preços do diesel e nova lei trabalhista para a categoria.

"Há um pico no período da colheita e depois ameniza. Mas vamos continuar em nível elevado (de preços do frete), e o que foi visto em 2011 e 2012 não deve ser alcançado novamente", disse o analista de grãos da consultoria agrícola Informa Economics FNP Aedson Pereira.

De acordo com cálculos da FNP, para o trecho de Cascavel (PR) a Paranaguá (PR), neste mês o frete está em torno de 75 reais por tonelada de soja ou milho, chegando a bater em 90 a 100 reais no pico da safra em março e abril. Na mesma época de 2012, o valor foi de 55 reais, com pico de 65 reais, diferença de mais de 50 %.

Já para transportar o grão de Rondonópolis (MT) a Santos (SP), o custo do frete é de cerca de 185 reais por tonelada, mas chegou a 220 reais no pico da safra. Em 2012, o custo foi de 170 reais, alcançando no máximo 180 reais.

Os principais fatores responsáveis pelo salto destes custos são o aumento no preço do diesel e a mudança da legislação trabalhista dos motoristas. O combustível, usado nos caminhões que transportam a safra e os produtos, já foi reajustado duas vezes este ano.

Já a Lei do Descanso, que entrou em vigor no ano passado, estabelece que os motoristas têm de parar por 30 minutos a cada quatro horas trabalhadas, além de direito a intervalo mínimo de 11 horas ininterruptas a cada 24 horas.

"Isso reduz o tempo que o caminhoneiro pode trabalhar, e portanto é preciso mais caminhões para manter o mesmo fluxo. A lei é boa, mas acaba gerando distorção no mercado num momento (de safra recorde e demanda internacional alta) em que há muita necessidade de caminhões", disse o sócio-analista da consultoria agrícola Agroconsult, André Debastiani.

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