Desde o mês de maio – quando o país parou com a greve dos motoristas – os valores cobrados pelo transporte superam o que era praticado numa média dos últimos 5 anos
O ritmo das plantadeiras continua intenso em Mato Grosso. Os agricultores já semearam 73% das lavouras, o equivalente a mais de 7 milhões de hectares. Nunca o ponta-pé inicial de uma safra tinha sido tão rápido no estado. E essa agilidade é reflexo de um conjunto de fatores que envolve desde a infraestrutura das fazendas, a compra programada de insumos e, principalmente, a ajuda da meteorologia.
Em praticamente todas as regiões, o bom regime de chuvas tem garantido a umidade e as condições necessárias para o cultivo com segurança.
Mas num estado que tem o tamanho de um país, exceções não são raras. Em Jaciara, na região sudeste, tem agricultor calculando os prejuízos causados pelo excesso de chuvas. As áreas alagadas foram notícia aqui no Blog na semana passada . Em situação oposta, um agricultor em Cláudia – norte do estado – também contabiliza as perdas. Depois de 10 dias de estiagem, parte dos 1.500 hectares de soja cultivados pelo agricultor Dênis Berticelli não resistiu à falta de água somada à temperatura elevada da região. Pelo menos 200 hectares precisaram ser replantados e outros 200 podem ter o mesmo destino. Em pleno início de safra, o produtor faz as contas para saber se o “re-investimento” valerá ou não a pena.
Por falar em cálculos, já tem muita gente preocupada com o preço para escoar a produção. Com o cultivo tão acelerado, é certo que o mês de janeiro será marcado por um grande desfile de colheitadeiras no campo. A concentração tende a ampliar a demanda por caminhões, impulsionando o valor do frete.
Aliás, o custo do transporte já tem pesado mais do que em anos anteriores. De acordo com o Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), desde o mês de maio – quando o país parou com a greve dos motoristas – os valores cobrados pelo transporte superam o que era praticado numa média dos últimos 5 anos. A partir do tabelamento do serviço, então, essa diferença aumentou.
Pelas contas do Imea, o frete entre Sorriso a Santos gira hoje em torno de R$ 355 por tonelada. São 22% a mais que o valor praticado em média nos últimos cinco anos (R$ 290,99). O instituto frisa que “fica nítida uma nova tendência nos preços, apontando uma alta significativa e evidenciando o impacto da nova medida adotada” e enfatiza que “os players precisam buscam novas soluções para o transporte ou terão que se adaptar a este novo cenário”.
Com 100% da lavoura de soja plantada, o agricultor Laércio Lenz tá preocupado com o encarecimento da safra. Além do custo do transporte, as oscilações cambiais também são motivo de alerta. Ele lembra que muita gente travou os custos quando o Dólar estava mais valorizado do que hoje e isso pode significar um problema na hora de negociar a produção, já que a moeda norte-americana tem registrado queda.