Frete em alta assusta

Publicado em
05 de Agosto de 2013
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Sojicultores e analistas estão preocupados com evolução do custo de transporte que pode romper novo teto em 2014

Desde que a safrinha de milho virou safrona, em Mato Grosso, e passou ao papel de destaque no cenário nacional e internacional do agronegócio, elevando o Estado à posição de maior produtor nacional de grãos, o segmento começou a contabilizar o ônus do crescimento. Neste período, cerca de dois anos seguidos, o custo do frete que estabilizava para baixo a partir do segundo semestre do ano, segue sem desacelerar e pode impor novos recordes para a soja 2013/14, ciclo que até o momento deve ser o menos rentável das últimas quatro safras. 

Ao contrário do ritmo lento e estrangulado pelo qual a produção estadual escoa, a cotação do frete segue acelerada, rompe tetos e caminha em ascensão pelas estradas que cortam o Estado. Somente na variação mensal, de junho a julho, o transporte de uma tonelada de milho aumentou 12%. 

Quanto mais a gente produz, mais demandamos por caminhões. Essa relação está inflacionando o mercado de uma forma sem precedentes. Quanto mais filas existem para descarregar nos armazéns, ou nos portos, mais cara fica a conta que o produtor paga, lamenta o presidente do Sindicato Rural de Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá) e produtor, Leonildo Bares. 

O produtor destaca que para escoar a safra aos principais portos do país, seja Paranaguá (PR) e Santos (SP), são mais de 2,5 mil quilômetros de distância. Não existe lugar no mundo, fora o Brasil, onde se rode mais de 300 quilômetros, 500 que sejam, para transportar mercadorias. Bares frisa ainda que nos Estados Unidos, maior produtor e exportador de soja no planeta, a produção escoa por hidrovias a um custo de US$ 16 a tonelada para um trecho de 2 mil quilômetros. O valor desembolsado pelo produtor norte-americano equivale a 10% do que pagamos. Aqui no Estado são cerca de US$ 160 para o trecho Sorriso/Santos, mais de 2 mil quilômetros, mas de rodovias, exclama. E completa: Enquanto o Brasil tem nove eclusas, o que permite e ou favorece o modal hidroviário, na China existem 925. Ainda criticando a logí­stica do Brasil, Bares destaca que no mundo, um navio é carregado em cerca de três dias, nos Estados Unidos e na Holanda, se carrega no mesmo dia e sete navios de uma vez. No Brasil levamos cerca de 40 dias e um custo diário por estadia de US$ 40 a US$ 50 mil. 

SEM LIMITES - Como exemplifica, o gestor do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca, o frete está custando em média R$ 280 a tonelada, considerando a rota Sorriso-porto de Santos. Esse É o maior valor já visto no Estado desde a primeira semana de abril deste ano, exclama. Com o fim da colheita de soja em abril e da consequente demanda por transporte, a cotação do frete invertia a tendência de alta. No entanto, com os ganhos da segunda safra, o milho vem mantendo o mercado aquecido. Na última semana de junho, ainda no início da colheita do milho, o frete para este mesmo trecho {Sorriso/Santos} estava em cerca de R$ 250 e agora fecha julho, 30 dias depois, a R$ 280, alta mensal de 12%. 

O gestor lembra que enquanto o frete sustenta as altas, as cotações vão cedendo. O mercado está em ritmo lento, já que as atuais cotações, tanto ao milho como a  soja disponí­vel, não animam o produtor. Mesmo na entressafra da soja, carro-chefe da produção estadual, vemos que o frete poderá assumir papel de protagonista de agora em diante. A afirmação do analista aponta para uma preocupação, pois a safra de milho, a maior já registrada em Mato Grosso de mais de 17 milhões de toneladas vem mantendo alta a demanda por fretes e com isso há risco de que o teto de R$ 300 registrado para transportar a última safra de soja no Estado, seja ultrapassado no próximo ano. 

Para o diretor executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Seneri Paludo, um dos maiores problemas da superprodução de Mato Grosso se chama frete.

O segundo ponto de atenção fora da porteira chama-se frete. Como a entressafra na prática não existe mais em Mato Grosso, estamos no perí­odo que era a entressafra com fretes caros. No mesmo perí­odo do ano passado o transporte de uma tonelada era R$ 200. O normal era o pico acontecer na soja e se manter estável e em queda no decorrer do ano. O que está acontecendo É que neste ano já tivemos um pico {R$ 300} e a tendência É de um novo repique, o que induz a um início de safra no ano que vem com preços elevados e que pode levar à  ruptura da barreira dos R$ 300 t, ou seja, o que foi teto pode abrir o ano como um piso e isso garantiria novas altas. 

Como completa: O ponto de partida do frete na safra ano passado foi de R$ 240 t. Pode ser que ano que vem com nova safra grande no país, custos de diesel subindo, os R$ 300 por tonelada sejam pouco o que seriam mais uma pressão sobre os preços, exclama. 

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