Com certeza, já aconteceu de você fazer uma viagem, estar com o caminhão lotado, entregar todas as mercadorias e voltar sem nada. Apesar de essa situação ser comum, ela representa prejuízo para a transportadora. É aí que se torna necessário trabalhar com o frete de retorno.
A ideia é ter carga para retornar para o seu local de origem e, portanto, fazer um novo frete, o que garante pagamentos extras, traz mais produtividade e evita custos desnecessários. O resultado? Aumento dos lucros da sua transportadora e também do percentual conquistado em cada operação.
Afinal, o que é o frete de retorno?
Frete retorno ou carga de retorno, de forma bastante simples e direta, é a carga que evita que um caminhão retorne à sua base, como se diz no popular, "batendo lata". Assim, o mesmo veículo realiza dois processos de entrega — um de ida e outro de volta — em apenas uma viagem.
Somente esse aspecto já faz com que o lucro da operação seja maior. Afinal, se sua empresa ganharia R$1 mil com a ida, tem a possibilidade de ganhar o dobro — ou até mais, a depender da negociação. Ao mesmo tempo, essa medida evita que o caminhão fique “batendo lata”, como os profissionais da área costumam dizer.
Frete mínimo e o impacto no lucro com a carga de retorno
O assunto da carga no retorno do caminhão sempre foi importante, mas voltou à tona, principalmente, por conta do frete mínimo divulgado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Desde a Resolução 5.820/2018, ficou estabelecido que o transportador deve considerar o percurso em dobro, quando tiver certeza de que o veículo voltará vazio da viagem.
Com isso, a pesquisa do custo por eixo e quilômetro considera o trajeto total, em vez de apenas aquele executado com o caminhão carregado. Essa prerrogativa é válida ainda que haja incompatibilidade do veículo de transportar outro tipo de carga.
Assim, por exemplo, se um caminhão sai carregado de soja de Palotina (PR), descarrega no porto de Santos e volta vazio para o destino de origem, precisa calcular o custo por quilômetro e por eixo em dobro. Esse cálculo, porém, torna-se negativo para os transportadores, que já precisam arcar com um grande percentual de custos derivado do transporte rodoviário.
Para você ter uma ideia, esse modal é responsável por 60% da movimentação da carga brasileira. A fim de garantir o transporte, é preciso trabalhar com diesel. Esse combustível tem um impacto significativo nos lucros das empresas, especialmente, porque seu valor fechou em R$3,604 o litro, uma alta de 4% em 2018, se comparado ao ano anterior.
Considerando esse valor, o impacto nos custos do transportador é significativo — e quanto mais longa for a distância, maior é a expressividade desse percentual. Por exemplo, em rotas curtas, de até 100 km, a representatividade é de 15% do gasto. Quando o trajeto tiver 3 mil km, a porcentagem chega a 40%.
Além disso, os custos logísticos representam 7,6% da receita líquida das empresas, quando são considerados transporte, armazenagem e estoque. Com todos esses dados, fica fácil perceber que é necessário e fundamental diminuir os custos de transporte, certo?
Tipos de frete de retorno
O primeiro passo para otimizar a movimentação de cargas na sua empresa é compreender os tipos de frete de retorno existentes. De modo geral, essa estratégia é excelente para aumentar o rendimento do seu negócio e atingir um patamar financeiro mais sustentável. No entanto, conhecer as opções permite adequar as cargas às diversas demandas.
Tudo isso leva ao menor desperdício de dinheiro. Nesse momento, vale a pena pensar sobre o formato de carga mais utilizado atualmente na sua transportadora. Por exemplo, perecíveis, secas, perigosas, a granel, vivas etc. A partir disso, é preciso conhecer as alternativas de retorno e entender quais delas estão alinhadas a essa demanda. Veja!
1. Carga fechada
O cliente ocupa todo o espaço do caminhão. Assim, o motorista vai da origem ao destino sem fazer paradas para descarregar. Essa opção pode ser considerada para o retorno. No entanto, é recomendado negociar um valor mais alto ou fechar um acordo que permita transportar outras mercadorias, como as originárias da logística reversa, ou as encomendas de um fornecedor.
2. Carga dedicada
O foco também é a ocupação do espaço do caminhão por apenas um cliente. A diferença para a carga fechada é que o veículo não precisa estar lotado. De toda forma, o ideal também é trabalhar com o valor mais alto ou negociação de movimentação de outros produtos.
3. Carga fracionada
Essa opção é mais comum no e-commerce, porque, nesse caso, mercadorias de diferentes clientes são carregadas em um mesmo caminhão. Os produtos precisam ter características similares, mas os volumes e as dimensões podem ser distintos.
As entregas são feitas ao longo do trajeto. Essa pulverização dificulta a distribuição das mercadorias nos endereços certos. Além disso, é necessário organizar diferentes pacotes e documentos fiscais — um verdadeiro desafio. Por outro lado, o potencial de lucro e a chance de voltar com carga são maiores.
4. Carga urgente
O objetivo é fazer a entrega no menor tempo possível. O prazo é curto e, por isso, o valor do frete é mais elevado. Para garantir um lucro mais elevado, o ideal é contar com vários contatos de empresas que contratam transportes urgentes, já que a demanda tende a ser alta e a chance de fazer o retorno carregado é maior.
Quais são as vantagens obtidas com o frete de retorno?
Neste post, ficou claro que a carga de retorno é uma estratégia importante para maximizar os lucros das operações das transportadoras. Esse é o principal benefício, é claro. Porém, existem várias outras vantagens que precisam ser citadas.
Por isso, a partir de agora, nosso intuito é apresentá-las para que você perceba quais serão os impactos positivos no seu negócio. Confira!
1. Desenvolvimento de novos clientes
A eficiência do frete de retorno depende da sua capacidade de se conectar com empresas em outras cidades de destino constante. Por exemplo, se os caminhões da sua transportadora sempre vão para São Paulo, vale a pena verificar os negócios com os quais você pode fazer uma parceria.
Assim, sempre que voltar para sua cidade, tem um potencial maior de estar com o caminhão carregado. Nesse momento, você deve estar se perguntando: “como entrar em contato com todas as empresas potenciais de diferentes cidades?”. O ideal é trabalhar com um ramo específico e focar ele.
Faça ligações e pergunte por fretes. Apresente sua transportadora e tente manter uma relação próxima com até 10 empresas de uma região. Os e-commerces são boas alternativas, porque trabalham muito com a logística reversa.
Ademais, crie listas para ter em mãos boas fontes de procura. Avalie as cidades de um trajeto que é percorrido com frequência, dos potenciais clientes e dos agenciadores de cargas. Ao mesmo tempo, conheça a estrutura dos seus potenciais clientes — uma maneira de entrar em contato com a pessoa e estabelecer um relacionamento de longo prazo.
Essas são algumas das formas de desenvolver novos clientes e mantê-los por um tempo maior. Perceba ainda que um serviço bem executado aumenta a satisfação dos clientes. Por isso, existe a tendência de novos clientes serem conquistados pela realização adequada do transporte.
Aqui, também é importante lembrar dos aplicativos de frete. Eles são mais interessantes para caminhoneiros autônomos, mas também são uma opção para transportadoras de menor porte. Desse modo, é possível enviar propostas sem esperar o contato com solicitações de orçamentos.
2. Conquista de renda extra
O frete de retorno tem esta finalidade: gerar uma remuneração a mais para o seu negócio pelo aproveitamento máximo das viagens realizadas. Com isso, há menos desperdícios nas operações. Porém, tenha em mente que o ideal é fazer a diversificação dos serviços. Assim, a conquista de renda extra é ainda maior.
Apesar de a especialização em um tipo de carga ser necessária em alguns casos, a diversificação oferece mais possibilidades de voltar com o caminhão carregado. Mais do que isso, essa é a oportunidade de se diferenciar da concorrência. Como? A resposta é simples!
Aproximadamente, 48,3% das cargas movimentadas no Brasil são do tipo solta. Isso significa que existe uma demanda grande por outros tipos de fretes e produtos, que precisam ser transportados. Ao oferecer essas opções, há uma possibilidade maior de conseguir frete de retorno, que leva à conquista de renda extra.
Algumas alternativas de especialização são de cargas:
- frigoríficas;
- vivas;
- especiais;
- líquidas não perigosas;
- medicamentos.
Lembre-se ainda de atentar às inovações e atualizações do mercado. Estar atento a novas tecnologias é fundamental para otimizar o seu faturamento e gerar essa renda extra. É assim que você assegura o melhor aproveitamento do espaço do seu veículo, o que gera melhoria do potencial lucrativo dele.
Dessa forma, também há menos ociosidade, que é sinônimo de prejuízo para o profissional que trabalha na estrada. O resultado é que você será capaz de guardar parte do dinheiro que conseguir. Essa quantia pode ser aplicada em investimentos no negócio, melhoria da frota, tecnologia e até expansão da transportadora.
3. Agilidade nas operações
A carga de retorno é uma parceria entre a sua transportadora e outra empresa. Essa negociação é benéfica para ambas as partes, já que você tem um dinheiro extra e o outro lado consegue ter seus produtos entregues de maneira mais rápida. No entanto, o aspecto de agilidade nas operações também é derivado de outros fatores.
Como você tem uma frota própria, as demandas e os pedidos urgentes são atendidos com mais facilidade. A empresa-cliente, portanto, sabe que pode contar com a sua transportadora e que há menos chance de haver indisponibilidade de veículos.
Nesse cenário, uma boa dica é oferecer atendimento para regiões que focam determinado segmento e contam com diferentes associações de empresas. Esses Arranjos Produtivos Locais (APLs) têm grande demanda e costumam gerar muitas viagens — daí a importância de aproveitar esse potencial para o frete de retorno. Algumas opções são:
- Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, conhecido pelas indústrias de calçados femininos;
- Vale do Itajaí, em Santa Catarina, com forte indústria têxtil.
É válido pesquisar mais alternativas e verificar as disponíveis. Além disso, os portos secos também são boas alternativas de negócio. Nesses locais, há serviços de armazenagem, despacho aduaneiro e movimentação de mercadorias exportadas ou importadas. Atualmente, já existem mais de 40 no Brasil, que movimentam uma grande quantidade de cargas todos os dias.
Com qualquer uma dessas parcerias, você consegue ter operações mais rápidas, porque já tem um contato no destino e negocia com ele o retorno. Com isso, evita perder tempo no local para o carregamento do caminhão e tem acesso apenas aos benefícios.
4. Aumento dos lucros
A ideia de que o frete de retorno aumenta o faturamento, a eficiência das viagens e a oportunidade de utilizar espaços vazios no caminhão já ficou bem estabelecida neste post, certo? Entretanto, é preciso explicar ainda por que o lucro é elevado — afinal, o crescimento da receita da empresa nem sempre eleva os ganhos reais do negócio.
O que acontece é o seguinte: quando você tem carga para retornar no caminhão, consegue pagar as despesas com mais facilidade e ainda tem uma renda extra, como demonstramos. Com isso, os gastos são diluídos em mais entregas e a sua margem de lucro aumenta.
Nesse momento, é preciso saber calcular o frete para entender, na prática, como o aumento do lucro ocorre. Primeiro, é necessário entender as variáveis que influenciam essa questão. As principais são as que mostramos logo abaixo.
Custo da carga
Os produtos que serão entregues impactam a conservação do veículo e ocasionam seu desgaste. Além do mais, eles precisam ser entregues no prazo e com integridade. Devido a essas questões, existem várias particularidades que interferem no custo da carga:
- peso da carga: influencia o gasto de combustível e o desgaste do caminhão. Apesar de ser importante considerar esse fator, o ideal é calculá-lo junto com a taxa de cubagem para ter um valor mais justo;
- taxa de cubagem: é um fator calculado quando as mercadorias ocupam muito espaço no caminhão. É o caso de travesseiros, colchões, materiais de isopor, espumas etc. A fórmula a ser utilizada é: volume da mercadoria (m³) x quantidade (unidade) x fator de cubagem (kg/m³). O fator de cubagem para o transporte rodoviário é de 300 kg/m³. O resultado dessa fórmula é utilizado para calcular o preço do frete;
- valor da mercadoria: é a quantia especificada na nota fiscal e que interfere no Seguro de Responsabilidade Civil imposto à carga.
Custo da viagem
Esse gasto contempla o trajeto, o trabalho de condução, a retirada e a entrega das mercadorias. Os fatores incluídos são:
distância: tem como base de cálculo a quilometragem rodada. É preciso considerar o trajeto normal e desvios;
pedágios: devem ser cobrados no frete, de acordo com a lei Vale-pedágio Obrigatório. Se a carga for fracionada, é preciso fazer a divisão entre os vários embarcadores;
alimentação e pernoites: são calculados de acordo com o tempo de transporte, distância e dificuldades do trajeto;
Taxa de Gerenciamento de Riscos (GRIS): contempla o risco da movimentação da carga e as dificuldades de acesso. A alíquota é de 0,3% para cada Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) e mais 20% sobre o frete.
Custos invisíveis
Os custos invisíveis são aqueles que incidem sobre o transporte, mas nem sempre são considerados. Normalmente, são esquecidos porque não aparecem no dia a dia. Entre os principais, estão:
- propriedade do caminhão: inclui as despesas com impostos — como licenciamento, IPVA e DPVAT —, manutenções, seguro e reposição dos pneus. Considere ainda a depreciação, que aparecerá na hora de fazer a troca do veículo;
- impostos e taxas: devem ser divididos no preço. Entre os principais tributos, estão Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviços (ISS) e Taxa de Restrição de Trânsito (TST);
- remunerações: são os valores pagos por ajudantes, operador de empilhadeira, segundo condutor etc., que contribuírem para o processo rápido e seguro.
Como você pôde perceber, o método para calcular o preço do frete abrange uma série de variáveis. Entender como elas funcionam é o primeiro passo para calcular o preço correto, tanto para a ida quanto para a carga de retorno.
Inclusive, todas essas cobranças — até mesmo de desgaste do caminhão, seguros, tributos, pedágios etc. — são repartidas entre a ida e a volta com o veículo carregado. Por consequência, há menos despesas e mais lucro.
De toda forma, o frete de retorno oferece uma organização maior para a transportadora, que consegue determinar melhor os gastos da viagem, fazer uma previsão de custo e dimensionar o tempo de espera entre um descarregamento e o novo carregamento para voltar.
5. Melhoria para a frota própria e a terceirização
A frota própria e a terceirização oferecem vantagens e desvantagens. Por um lado, a primeira opção consegue garantir o padrão de qualidade — crucial para cargas de alto valor agregado e de riscos elevados, que requerem mais qualificação profissional. Ao mesmo tempo, há uma resposta mais rápida para atender às demandas urgentes, porque a indisponibilidade de veículos é menor.
Por sua vez, existem desvantagens. Os custos dos veículos ficam sob responsabilidade da transportadora, inclusive, para armazenagem dos caminhões. Há ainda os problemas para gerir a carga horária dos colaboradores.
Enquanto isso, a frota terceirizada oferece menos problemas, porque a contratação de mão de obra e os regulamentos de transportes ficam a encargo do parceiro. Com isso, você tem tempo para se concentrar em outros setores, a fim de garantir uma atuação estratégica e que vise à redução das despesas operacionais. Assim, você investe em desenvolvimento de produtos e ideias inovadoras.
Por outro lado, a terceirização impede que sua marca seja exposta nas ruas, tem caminhões que nem sempre estão em excelente estado de conservação, e é bem provável que você encontre restrições de limites exigidos pela carga. Isso sem contar que há a possibilidade de atrasos e imprevistos — você não vai conseguir controlar toda a situação.
Como o frete de retorno traz melhorias para ambas as situações? Primeiro, ele garante a redução dos gastos quando a frota é própria. Como o caminhão estará carregado no retorno, você assegura a divisão dos custos e consegue programar melhor as viagens, o que evita desperdícios.
Em relação à terceirização, o benefício da carga de retorno é fazer uma programação mais adequada com o parceiro, a fim de evitar os imprevistos que surgem pelo caminho. Assim, o relacionamento se torna de longo prazo — e tanto você quanto seu cliente são beneficiados.
6. Gestão aperfeiçoada com um software apropriado
Os sistemas de gestão de transportes são fundamentais para o gerenciamento da movimentação de cargas. Uma solução apropriada aumenta as chances de reduzir custos, aumentar o lucro e, claro, conseguir um frete de retorno. Isso acontece porque se torna mais fácil regular as diferentes etapas, como:
- previsibilidade de custos;
- dimensionamento da frota;
- criação de rotas otimizadas e inteligentes;
- agendamento de entregas.
O resultado é que todo o fluxo da transportadora é controlado de maneira mais prática e rápida. Ao mesmo tempo, é possível calcular riscos, saber se a viagem é produtiva, ou se é mais interessante aguardar a carga para retorno. Percebe como tudo está interligado?
Com todos esses benefícios, fica muito claro entender que o frete de retorno é uma alternativa válida para diferentes situações, certo? As vantagens são variadas, impactam a sua gestão da transportadora e, principalmente, o lucro dela.
O motivo é o desperdício de ter caminhões que circulam vazios pela estrada, situação que acarreta perdas financeiras, ainda mais depois da lei que estabeleceu o frete mínimo. Enfim, ao tomar todos esses cuidados, é possível alcançar um frete de retorno que realmente valha a pena para sua transportadora.
Então, que tal contar com a carga de retorno sempre que necessário? Aproveite o comércio eletrônico, que oferece muitas oportunidades. É só ler aqui sobre a logística e-commerce e saber mais sobre essa importante etapa das suas vendas!