Frete de grãos registra queda de 20% em um ano

Publicado em
07 de Novembro de 2016
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A quebra das safras e o aumento da oferta de caminhões levaram o transporte rodoviário de grãos a uma nova crise neste ano. Segundo o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-Log), da Universidade de São Paulo, o valor do frete hoje está mais de 20% abaixo do verificado há um ano, sendo que a inflação acumulada no período chega perto de 8,5%.

Só para se ter uma ideia, o valor praticado entre Sorriso e Santos, no final de outubro do ano passado, era de R$ 317,22. E agora está em R$ 243, uma queda de 23%. A situação dos transportadores está complicada, principalmente em Mato Grosso, onde as trandings estão com os pátios vazios.

Samuel da Silva Neto, economista da Esalq/Log, explica que são muitos os fatores que interferem no agronegócio e, por consequência, no transporte de grãos. “Historicamente, quase toda a safra da soja é exportada no primeiro semestre. Existe um grande volume de carga e o valor do frete sobe. O segundo semestre é dependente do milho safrinha”, afirma.

Mas não só da produção nacional do grão. “Ao contrário da soja, que é majoritariamente exportada, no caso do milho, o Brasil é mais dependente do mercado internacional”, diz. Neste ano, segundo o economista, além da quebra da safra, o mercado internacional está desaquecido. “A maior parte do milho ficou no mercado interno o que acaba desaquecendo o mercado de frete. O que joga o frete para cima é exportação, porque a exportação exige imediato escoamento (devido aos contratos internacionais). Já o mercado interno tem fluxo mais gradual,  tem uma certa cadência que faz com que o frete fique em patamares mais baixos”, alega.

O clima definitivamente não ajudou na safra 2015/16. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em todo o País, a safra de soja teve leve quebra (-0,8%), de 96,2 milhões de toneladas para 95,4 milhões de toneladas. Mas, especificamente em Mato Grosso, a quebra foi expressiva (-7%), de 28 milhões para 26 milhões de toneladas.

A primeira safra de milho em todo o País teve 12% de quebra, saindo de 6,1 milhões para 5,3 milhões de toneladas. Já segunda apresentou quebra de 25%, de 54,5 milhões para 40,8 milhões de toneladas no Brasil. Somente em Mato Grosso, caiu de 20,3 milhões para 15 milhões de toneladas, também 25% menor.

Silva Neto também ressalta a expansão da frota de caminhões nos anos anteriores a 2015, em virtude dos incentivos do BNDES, o que gerou uma super oferta do serviço de transporte. Além disso, a crise na mineração vem fazendo com que transportadores daquele setor migrem para o transporte de grãos. “Os veículos utilizados nos grãos e no transporte de determinados minérios como cimento, areia e calcário são os mesmos. Principalmente em Minas Gerais, grande parte das transportadores estão migrando suas frotas para grãos”, conta.

O economista diz que o transporte graneleiro é dependente de muitas variáveis climáticas e comerciais. “O frete pode mudar R$ 10, R$ 15 de uma semana para outra, de acordo com as oscilações do mercado”. Para o ano que vem, as perspectivas, na visão dele, são boas. “Mas muita coisa pode acontecer”, ressalta.

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