Fornecedores de Petrobras têm contratos ameaçados

Publicado em
16 de Abril de 2015
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Após investirem em novas unidades para atender à promissora demanda do pré-sal no Brasil, fornecedores globais da indústria de óleo e gás convivem com a ameaça de ter seus contratos revistos. As incertezas sobre o novo plano de negócios da Petrobras e a possibilidade de redução da carteira de sondas de Sete Brasil colocaram em xeque não só a continuidade de novas encomendas, como também o cumprimento de contratos em vigor com multinacionais de peso, como Wärtsilä, GE e Rolls Royce, que lidam com o desafio de diversificar seus negócios e buscar novos contratos num cenário de redução de investimentos.

A maior preocupação talvez seja com o futuro da Sete. Diante das citações da empresa na Lava-Jato e das dificuldades de financiamento do projeto, sócios e bancos credores vem avaliando enxugar para entre 13 e 17 sondas a carteira da companhia, o que significaria a redução dos equipamentos já contratados. O rompimento unilateral do contrato do Estaleiro Atlântico Sul com a Sete também reforça o clima de insegurança dos fornecedores do estaleiro, como NOV, GE e Rolls Royce.

Foi nesse clima pouco afeito a novos investimentos que a finlandesa Wärtsilä inaugurou, no mês passado, sua nova unidade de montagem de grupos geradores e propulsores no Porto do Açu (RJ).

Anunciada ainda em 2013, a unidade foi construída para atender uma encomenda inicial de 120 equipamentos, para sete sondas em construção no estaleiro Jurong Aracruz (ES) e três embarcações a cargo da Ecovix (RS).

Há menos de dois meses operando, a fábrica está, no momento, montando os equipamentos das duas primeiras sondas contratadas. A expectativa da empresa é que os trabalhos sejam concluídos em meados deste ano e que, em paralelo, sejam iniciadas as montagens dos equipamentos das próximas sondas. O atraso dos pagamento da Sete aos estaleiros e as dificuldades de caixa de alguns dos estaleiros, contudo, geram incerteza sobre o ritmo das obras, segundo fontes a par do assunto.

Presidente da Wärtsilä no Brasil, Robson Campos, diz que as obras estão dentro do cronograma e que está otimista com uma solução para o financiamento da Sete Brasil. O executivo, no entanto, destaca que faz parte dos planos da companhia agregar novas encomendas e diversificar negócios.

"Estamos buscando encomendas para barcos de apoio, de menor porte [que sondas e plataformas], o que nos parece a melhor oportunidade de curto e médio prazos. Também estamos buscando trazer encomendas [de grupos geradores] do setor de energia elétrica para o Açu", comenta. Segundo Campos, o projeto foi concebido, desde o início, para ser uma fábrica de multiprodutos. "Acho que o setor está passando por uma crise, mas temos grandes perspectivas pela frente", complementou.

A empresa aposta, ainda, em manutenção. A ideia é que a fábrica funcione como um backup para a o centro de serviços de Niterói. Três propulsores já estão sendo reparados no Açu.

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