Fenabrave mantém otimismo apesar de queda nas vendas

Publicado em
04 de Novembro de 2011
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As vendas de veículos no país confirmam perda de ritmo em outubro, conforme dados da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). No mês passado, foram comercializadas pelas revendas nacionais 280,608 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, com queda de 9,97% na comparação com setembro. Frente ao registrado em outubro do ano passado, houve queda de 7,44%.

No acumulado do ano até outubro, foram vendidos 2,963 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, com expansão de 5,64% e um recorde para o setor. Segundo o presidente da entidade, Sérgio Reze, estão mantidas as estimativas para vendas de veículos neste ano, apesar da queda "significativa" apurada em outubro. Para o consolidado de 2011, a Fenabrave prevê alta de 5,9% nas vendas de automóveis e comerciais leves novos, para 3,5 milhões de unidades.

Reze destacou que se não fosse "a confusão em torno das medidas do IPI para veículos importados" não haveria novidades negativas em outubro. "Estamos, portanto, na rota do crescimento e os números estimados devem se confirmar", afirmou.

Considerando-se apenas as vendas de automóveis e comerciais leves, houve forte retração em outubro em razão de três efeitos: um dia útil a menos que setembro, as vendas de importados caíram 10% na esteira do aumento do IPI e não houve emplacamento de veículos no dia do servidor público. No intervalo, foram comercializadas 263,819 mil unidades, com queda de 10,15% ante o verificado em setembro. Na comparação anual, a Fenabrave anotou queda de 8,26%.

 Reze: locadoras distorcem o mercado. Vendas diretas passam de 33%

Sérgio Reze (foto), presidente da associação dos concessionários, a Fenabrave, voltou a criticar duramente o aumento de vendas diretas das montadoras, que este ano já atingem 650,3 mil unidades, o equivalente a 33% do total de automóveis comercializados pelas quatro marcas mais vendidas do País (Fiat, Volkswagen, Ford e General Motors) – em 2010 inteiro esse porcentual foi de 27%. Essas compras são feitas principalmente por locadoras, o que segundo Reze causa uma séria distorção no mercado: “Elas compram com grandes descontos, de 25% a 35%, depois revendem os carros com vantagens. Quem paga por isso é o consumidor que compra carros na concessionária por um preço mais caro para compensar esses descontos”, alega o dirigente.

“As montadoras usam as vendas diretas para garantir market share, mas fazem caixa nas concessionárias, vendendo carros mais caros para os consumidores. Então, por que não dar o mesmo desconto ao consumidor?”, pergunta Reze. “A verdade é que as fabricantes criaram um segundo canal de distribuição, sem nenhuma responsabilidade em prestar atendimento para o cliente ou cumprir a garantia. Isso não agrega nenhum valor à imagem da marca”, atacou.

O presidente da Fenabrave acusa as locadoras de venderem esses veículos com apenas três meses de uso, o que seria proibido por lei, por preços que garantem bons lucros a elas, mas que uma revenda autorizada não teria condições de fazer. Ele citou o exemplo de um comercial na TV no fim de semana, em que uma locadora anunciava um carro seminovo por R$ 1 mil a menos do que o preço anunciado pela montadora. “E as locadoras não recolhem imposto nenhum sobre suas operações comerciais”, destacou. “E quando o cliente precisa de assistência nas revisões ou na garantia, sou eu como concessionário que sou obrigado a dar, sem ganhar praticamente nada com isso”, reclama.

Reze garante que a Fenabrave está “batendo forte” nessa situação, mas que prefere tratar do assunto internamente, com as associações de marcas e os respectivos fabricantes, sem dar publicidade à imprensa. Também já foram feitos alertas a governos federal e estaduais, na esperança que se aperte a fiscalização sobre as locadoras, que estariam ganhando mais dinheiro na compra e venda de carros, sem pagar impostos, do que com o negócio de locação em si.

E se nada mudar Reze diz que seu conselho aos concessionários será o seguinte: “Vou dizer que abram suas próprias locadoras”, alfinetou.

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