No Brasil, talvez o esforço menos reconhecido e mais inglório é o do governo de provar que ele não existe.
Com seus 39 ministérios, secretarias, agências reguladoras, departamentos, todos abarrotados de gente e uma presidenta toda emperiquitada, o governo se esmera permanentemente em deixar claro que ele não existe, pelo menos para aquilo que as pessoas pensam que ele existe.
E imaginem como deve ser cansativo para o governo ficar explicando todo dia que ele não existe, pelo menos para essa coisa trabalhosa e cansativa de ficar retornando serviços como infraestrutura, educação, saúde, segurança e as pessoas não se convencerem disso?
E as pessoas não se darem por vencidas e, paradoxalmente, pedirem cada vez mais governo. Se falta polícia, sabem o que pedem, mais polícia na rua.
Ou seja, o governo não existe, deixa isso claro como em Santa Maria, mas sabe qual é a reação das pessoas: pedir, pedir o que? Mais governo.
A última saiu agora no Estadão de domingo, veja que absurdo, um cara de uma associação do agronegócio, diante da falta de estrada e de porto para escoar soja, reclamou que falta fiscal no Porto de Itacoatiara em Manaus e que tem um só fiscal no Porto de Tubarão para despachar todas as cargas.
Ora bolas, falta fiscal. Que estória é essa de querer que o governo exista nesse fim de mundo, sem nehuma estrutura, barulho, sujeira, um monte de caminhão. Que absurdo? É claro que o governo não existe para isso. O governo existe é nos prédios suntuosos, cada uma mais bonito e rico do que o outro. Problema sim, seria, se faltasse garçom para servir água gelada e cafezinho, se o cabelereiro da PRESIDENTA, que vai de São Paulo, se atrasasse. Já imaginou a operação logística que seria montada, mandar buscar o cara de helicóptero no Aeroporto.
Duvido que para uma operação como essa, falte expertise, fiscal ou gente no governo.
Mas alguém ainda poderia insistir e perguntar, por que pode faltar o fiscal no porto e não pode faltar o garçom, o cabeleireiro? A resposta é simples, o cabeleireiro, o garçom são necessidades essenciais do governo e obviamente o escoamento da soja, a educação, a segurança, não.