Falta gestão estratégica

Publicado em
12 de Janeiro de 2012
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O presidente do Grupo Luft - formado por empresas que atuam com soluções logísticas para os segmentos de agronegócios, alimentos, saúde, entretenimento e lazer, cargas expressas sensíveis, grandes volumes e na produção industrial de defensivos agrícolas - salienta que o Brasil é um país de oportunidades:

- Temos tanto a comemorar, mas também outro tanto a sonhar e lamentar que ainda não temos e sentimos alguns entraves próprios de nosso país. Vivenciamos uma Nação com falta de gestão estratégica, principalmente, em nível de governos e seus ministérios", assinala Mário Ari Luft.

O empresário gaúcho nascido em Santa Rosa destaca que o Brasil está em movimento, tanto nas áreas social, sindicalista, econômica e financeira. "Estamos aprendendo a trabalhar essas situações, por isso, encaramos com ironia e até perplexidade alguns pontos colocados para tratar de nossos assuntos de Transporte e Logística", diz o empresário.

Sobre o Estatuto Motorista que está em discussão para futura aprovação, Mário Luft entende que o mesmo não oferece soluções para o atual processo social e logístico, e justifica sua interpretação:

- "Num país continental com regiões de alta diversidade, querem salvar as desigualdades. Não é possível. Temos não conformidades e desvios de soluções enormes e não se consegue equalizar num processo que está sendo discutido em nível público em que opiniões dos players não têm consonância e nem ressonância para um estudo conclusivo. Estão misturados ou unidos no mesmo pacote muitas categorias de motoristas. Motoristas urbanos e o motorista de ´plasma sanguíneo´, terão a mesma regra e, assim, temos centros de não conformidades", argumenta o presidente do Grupo Luft.

Nessas condições Mário Luft alerta que será criada a condição de custo elevado num país pobre. "O Estado procura legislar em favor dos excluídos, dos pobrezinhos e os considerados coitados, mas não ensina a ler, estudar, trabalhar e preparar profissionalmente todo esse pessoal", pondera o empresário. "Ainda apresenta a conta para quem está estabelecido, está trabalhando e investindo de forma ousada e audaciosa para crescer", emenda o dirigente.

Restrições para caminhões

Outro aspecto que preocupa o presidente do Grupo Luft é a "onda" de restrições para os veículos de cargas. "O uso da frota dos caminhões está com restrições pitorescas em capitais e regiões metropolitanas", ironiza.  Ele culpa o Estado que deixou de investir e está penalizando o setor.

Enfatiza que o mau uso do automóvel que atravanca a via pública é operado por motoristas de pouca prática ao lado de milhares de ônibus com até 20 anos de uso em vias mal conservadas, sinalizações deficientes, falta de operacionalidade simplificada, fazem com que tudo fique ruim. "Os investimentos em metrôs, viadutos são lentos. O poder público erra duas vezes: demora em decidir, faz devagar e embora certo, mas muito atrasado", reclama Luft.

Ao comentar que a frota rodoviária foi modernizada com a facilidade de financiamentos, ele avisa: "Teremos para os próximos dois anos algumas limitações de crédito e, assim, o crescimento vai ser muito menor, com menos investimento em terminais e iremos acompanhar o Brasil que vai andar de lado".

Entende que a falta de apetite cultural e emocional para aceitar responsabilidades está sendo o maior entrave para melhorar a eficiência nas operações de transporte e logística.

- "Usamos mão de obra intensiva e faz mais de 30 anos que o Brasil não tem bons projetos educacionais e, por isso, estamos com falta de gente que queira e saiba ser conferente, subchefe, gerente, encarregado e motorista. Encontramos enormes limitações de responsabilidade como cidadão, além da falta de postura técnica, cultural e social. Quando queremos um benefício encontramos um número significativo de pessoas pouco dispostas ao investimento pessoal. Infelizmente isto está se irradiando em todos os níveis, e assim, a perspectiva para a próxima década não é alvissareira", adverte o empresário.

Apesar desse cenário, Mário Luft ressalta que fica um alívio para 2012. O início de grandes investimentos em orientações básicas, técnicas e cursos de tecnologias e MBA.

Euro 5

O presidente do Grupo Luft também aborda nessa sua expectativa para 2012 a disponibilidade de um óleo diesel com menor teor de enxofre a partir de janeiro.

- "A modernidade da frota vai permitir que o Euro 5 veio para ficar. Vamos iniciar uma nova fase de sustentabilidade ambiental. Seremos mais amistosos com este mundo. Cabe ao setor aceitar que estamos auxiliando a poluir este mundo com veículos equipados com motores Euro Zero e ainda mal regulados. Os empresários do setor, os melhores preparados, os que têm nos seus programas uma melhoria de situação econômico-financeira, estão usando veículos novos e modernos", frisa o presidente do Grupo Luft.

Ao fazer uma comparação entre os tipos de veículos, Mário Luft salienta que o automóvel polui e nada se faz e que o ônibus urbano ainda não foi substituído por metrôs e trens. "O caos das áreas metropolitanas tem tudo a ver o com os ônibus e os automóveis que circulam aos milhares. mas muito menos com o caminhão. A frota antiga está nos campos e fazendas e atinge de forma pálida as capitais", assinala.

Conjuntura Internacional

Sobre a conjuntura internacional, Mário Luft entende que vai gerar limitações de crédito no país, reduzindo o crescimento, tanto no investimento industrial, infraestrutura e serviços. A agricultura que é uma base no tripé econômico, pode também ter algum problema e fica alinhado um quadro para o Brasil não ter um crescimento mínimo, ficando abaixo do percentual de novos integrantes à massa de trabalho. "Vivemos num país com uma inconstância política terrível, com governos desajustados, com níveis imensos de má gestão e corrupção. Isso tudo está a exigir uma nova postura perante os delitos e desmandos", declara o empresário.

Constatando que há setores mais promissores da economia, ele sugere o exercício da criatividade, visão estratégica, relacionamento e muito trabalho em busca de oportunidades e sorte.

 - Temos ótimas promessas, altos e baixos do câmbio, clima bom nas áreas agrícolas, novos nichos para explorar, uma gestão estratégica a realinhar continuamente. Teremos marolas no comércio mundial e para ajustar isso, fiquem alerta em tempo constante", comenta o presidente do Grupo Luft.

Encerrando Mário Luft profetiza:

- Num belo dia seremos mais Brasil. Mais perto de uma Coreia, mais politizado de forma séria e responsabilizada. Com nova base educacional e também com gestores melhores preparados pelo novo sistema universitário que certamente virá, e quiçá, com investimentos em infraestrutura, rodovias, aeroportos, portos, etc. Assim estamos para 2012. Com pouca novidade. Muito trabalho e as boas situações ou melhores condições continuarão dependendo da ação objetiva de cada um".
 
Por Revista TransNotícias

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