— Quem está atendendo é a Brigada São Leopoldo. A informação chegou (ao CRBM), só que não temos efetivo para atender.
Um dia depois, em acidente na RS-239, em Novo Hamburgo, nova demora. Também por telefone, outro atendente do posto de Sapiranga, o mais próximo do ponto da colisão, informou que havia sido necessário acionar viatura de Gramado, que levaria 50 minutos para chegar. Questionado se o problema era falta de veículos na unidade, o servidor respondeu:
— Não. Falta efetivo. Viatura tem bastante.
Posto mais perto de acidente na RS-239, em Novo Hamburgo, era o de Sapiranga, mas foi preciso acionar viatura de GramadoEduardo Paganella / Agência RBS
A situação se agrava porque ao menos um servidor tem de ficar em cada um dos 38 postos de fiscalização para atender às ligações sobre acidentes de trânsito e designar viaturas de socorro. O policial também precisa zelar pelos equipamentos nas unidades. Além disso, os postos costumam servir de pouso para agentes. Em razão dessas características, a orientação do CRBM é mantê-los abertos 24 horas.
O presidente da Associação de Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar e Bombeiros (ASSTBM), Aparício Santellano, diz que brigadianos do CRBM procuraram a entidade para alertar sobre falta de segurança uma vez que precisam ficar sozinhos nos postos.
— O policial não pode sortear para atender o acidente mais grave e a população ficando à mercê disso. Os brigadianos, que já estão se sacrificando, são obrigados a tomar essas medidas. E pior, ainda têm que ficar se explicando e ouvindo de tudo, claro, com razão, das pessoas que ligam para os postos ou que ficam esperando a chegada das viaturas nos acidentes — ressalta Santellano.
O dirigente diz que já levou as questões ao comando da corporação e salientou também o prejuízo às ações de controle do tráfego com uso de radar móvel.
— Com prioridade para os acidentes, automaticamente a fiscalização fica zero. Claro que se o policial ver um cometendo infração ele vai tomar providências. Mas isso se torna raro (com a falta de pessoal).
O consultor de segurança do Sindicato dos Transportadores de Cargas (Setcergs), João Carlos Trindade, diz que a situação também prejudica o combate ao roubo de carregamentos.
– Como os veículos têm rastreamento, os bandidos os retiram da rodovia, cerca de 500 metros, 600 metros, e fazem um rápido transbordo para caminhões menores. Os policiais as vezes pegavam esse momento. Tendo menos efetivo, demora mais para chegar.
O comandante do CRBM, coronel Nelson Alexandre de Moura Menuzzi, afirma que tem tratando sobre o aumento de efetivo com a Brigada Militar. O pedido foi reforçado ao novo comandante-geral da corporação, coronel Mario Ikeda. A expectativa é receber mais 30 policiais no mês de junho.