Caminhões são deslocados para o Centro-Oeste, represando safra paulista no campo e dificultando estocagem da produção
São Paulo teria todos os motivos para comemorar não fosse a logística deficiente. As principais rodovias de escoamento da safra do estado são asfaltadas; o Porto de Santos – maior corredor de exportação de grãos do país – fica a 500 quilômetros de distância das regiões agrícolas; e os preços da soja seguem sustentados pelo consumo mundial. Mas, na medida em que a colheita da safra avança, o setor produtivo local corre em busca de armazéns para estocar a produção. Segundo fontes entrevistadas pela Expedição Safra Gazeta do Povo na última semana, o Centro-Oeste do Brasil “roubou” parte da frota de caminhões de São Paulo e isso comprometeu o fluxo de escoamento de grãos das lavouras do Sudeste.
Mesmo com uma logística privilegiada, o estado não tem conseguido cumprir o planejamento com os exportadores. “Já deveríamos ter levado 30 mil toneladas de soja para o porto, mas não entregamos nem 7 mil toneladas”, revela Djalma Franco Soares, gestor de recebimento de grãos da Coopermota, de Cândido Mota.
A cooperativa tem uma capacidade estática de armazenamento de 130 mil toneladas, mas atualmente há espaço para 100 mil toneladas, porque 30 mil estão ocupados com parte da colheita da segunda safra de milho do ano passado. O déficit de armazenagem da Coopermota deve ser de 30 mil toneladas, calcula Soares, o equivalente a um silo. “Teremos de estocar grãos nos barracões de sementes”, cogita José Roberto Massud, agrônomo da cooperativa.
A dependência de carretas para tirar os produtos do campo preocupa o setor, porque mais da metade da colheita está comprometida com o mercado internacional e também porque há somente duas indústrias na região. A redução no número de carretas também pressiona os valores do frete em São Paulo, que já está 20% mais caro. Para um percurso de 500 quilômetros, os transportadores têm cobrado R$ 100 por tonelada, contra R$ 80 nesta época do ano passado.