Falta bagagem nos conselhos de administração

Publicado em
27 de Março de 2013
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Uma pesquisa revela um retrato perturbador dos conselhos de administração: há gente despreparada ocupando as cadeiras. Como resolver esse problema?

 
Funcionários da CPFL

 

CPFL: mais agilidade com menos conselheiros

 

São Paulo - Conselhos de administração são a instância mais importante para a gestão de qualquer companhia aberta — e, em um volume crescente, também para as fechadas. Sua função é simples: defender os interesses dos acionistas.

Na prática, os conselhos definem as estratégias de longo prazo e evitam, por exemplo, que os executivos tomem riscos excessivos para turbinar os resultados (e seus bônus) no curto prazo.

Seria de esperar que as cadeiras dos conselhos fossem ocupadas por profissionais que conhecessem a fundo aquilo que é discutido nas reuniões — o mercado e como a empresa deve se inserir nele. Mas uma pesquisa global da consultoria McKinsey com 1 597 conselheiros revela um retrato perturbador: eles são muito menos preparados do que deveriam.

De acordo com a pesquisa, 35% deles dizem desconhecer a dinâmica do mercado em que as empresas operam. E só 14% estão a par dos riscos que a companhia enfrenta.

Como consequência, metade dos conselheiros admite ir às reuniões só para fofocar, tomar café e, no fim do processo, aprovar os planos dos executivos. “O papel está visivelmente distorcido”, diz Heloisa Bedicks, diretora do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

Ter um conselho despreparado é um risco enorme para qualquer companhia. A fragilidade foi trazida à tona com a crise de vários bancos, em 2008, nos Estados Unidos. Na época, muitos conselheiros disseram desconhecer as operações financeiras que levaram instituições centenárias à lona.

Um exemplo foi o do conselho do banco Citigroup, que, antes da crise, reunia-se apenas sete vezes por ano. A equipe era composta de 18 conselheiros. Dois deles eram funcionários do banco. Dos 16 restantes, só um tinha experiência no setor financeiro.

Após receber um aporte de 20 bilhões de dólares para não quebrar, o Citigroup foi pressionado a reduzir a 12 o número de conselheiros e a adotar critérios mais rigorosos para sua seleção. Hoje, quatro deles são especialistas em finanças. 

Estudiosos de gestão dizem que conselhos com muitos membros tornam o problema da falta de conhecimento ainda mais complicado de resolver. Um levantamento feito pela consultoria Stuart Spencer mostrou que 2012 foi o ano em que as 500 maiores empresas americanas contrataram menos conselheiros — a queda chega a 27% em relação a 2002.

É um sinal de que elas entenderam que inchar os conselhos pouco ajuda em termos de resultados. “Desde a crise financeira de 2008, a pressão sobre os conselhos aumentou. Por isso, o conhecimento e o comprometimento dos conselheiros têm crescido substancialmente desde então”, diz Robert Pozen, professor da escola de negócios da Universidade Harvard. 

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