A fabricante chinesa de turbinas para energia eólica Goldwind, terceira colocada no ranking global do setor, conseguiu o primeiro contrato para fornecimento de equipamentos no Brasil, disse à Reuters um executivo da companhia.
O negócio marca a entrada do grupo chinês na maior economia da América Latina, que fechou 2017 como o oitavo país em capacidade instalada em parques eólicos no mundo, depois de um crescimento exponencial da fonte na última década.
A chegada da Goldwind indica concorrência adicional para gigantes globais do setor que já contam com unidades locais.
Já atuam no Brasil a dinamarquesa Vestas, associações de empresas alemãs e espanholas, como Siemens-Gamesa e Nordex-Acciona, e a germânica Enercon. A brasileira WEG também passou a produzir turbinas eólicas para atender à demanda doméstica.
"O primeiro contrato está assinado... o primeiro gerador chegou ao Brasil recentemente", disse à Reuters o gerente-geral da Goldwind para a América do Sul, Xuan Liang, sem detalhar o valor e para quem foi destinado o equipamento.
A Goldwind já vinha analisando o mercado brasileiro há pelo menos três anos, e no ano passado chegou a avaliar até mesmo a possível aquisição de projetos eólicos como meio de garantir a construção das primeiras usinas com suas máquinas no país.
A fabricante também chegou a disputar leilões promovidos pelo governo brasileiro em dezembro passado para tentar obter contratos de venda de energia que viabilizassem a implementação de parques com seus equipamentos.
A empresa se associou à alemã Sowitec para a licitação, mas a dupla não chegou a aparecer entre os vencedores dos leilões, que registraram uma forte concorrência entre investidores que derrubou fortemente os preços de compra da produção futura das usinas.
A Goldwind agora avalia se disputará mais licitações com projetos próprios no Brasil --já há um leilão marcado para 4 de abril, para novos projetos renováveis, e um segundo certame deve acontecer até agosto.
"Nós estávamos em associação com a Sowitec. No entanto, para esse próximo leilão, não podemos divulgar nenhuma informação neste momento", despistou Xuan.
O executivo comentou, no entanto, que o mercado brasileiro tem se aquecido significativamente desde a reta final do ano passado, com um grande aumento da concorrência entre investidores para viabilizar seus projetos no país.
"Esses são excelentes sinais de que o mercado de energia eólica vai continuar a crescer nos próximos anos. Nós acreditamos que o próximo leilão será mais um sucesso para o mercado brasileiro", afirmou ele.
Mesmo que decida não buscar mais participação direta em projetos, como no leilão do ano passado, a Goldwind ainda poderá tentar abocanhar uma fatia no concorrido mercado de equipamentos eólicos no Brasil.
A disputa entre fornecedores se aqueceu em meio à redução no ritmo de contratação de novos projetos em 2015 e 2016, devido à crise econômica que derrubou a demanda por eletricidade no país.
Os investimentos dos fabricantes nas unidades locais vieram durante uma fase de forte crescimento da energia eólica no país na última década, fortemente impulsionada por financiamentos atrativos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).