A extinção da estatal foi aprovada por 64 votos a 15; governo afirma que já está transferindo as atividades da empresa para a Secretaria de Transportes e Logística
A Assembleia Legislativa aprovou a extinção da empresa de Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), companhia responsável por obras do Rodoanel e pela travessia de balsas no litoral, na tarde desta terça-feira (10), por 64 votos a favor e 15 contra.
Em nota, o governo de São Paulo informou que será aberto um plano de demissão incentivada aos funcionários e que as atividades da estatal vão ser transferidas para a Secretaria de Transportes e Logística.
Ainda segundo a nota, o governo afirma que já iniciou o processo de concessão dos serviços de balsas e lanchas à iniciativa privada.
A Assembleia Legislativa de São Paulo já tinha tentado aprovar, em maio de 2019, a extinção de um pacote de estatais, no qual a Dersa fazia parte. Mas, para que fosse aprovado, os deputados fizeram pressão para que a Companhia de Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) fosse retirada do pacote. O governo aprovou a extinção de três empresas do pacote: Codasp, da CPOS e a Emplasa.
Casos de corrupção
A Polícia Federal apreendeu em junho de 2018, durante a operação "Pedra no Caminho" de combate à corrupção e desvio de recursos públicos de obras do trecho Norte do Rodoanel Mário Covas, R$ 100 mil e US$ 5 mil, em dinheiro, na casa de um ex-fiscal do lote 4 das obras do Rodoanel, atualmente gerente de obras da construtora Dersa.
A apreensão ocorreu em um dos 51 mandados de busca e apreensão que foram cumpridos na operação em São Paulo e Espírito Santo. Também foram expedidos 15 mandados de prisão.
Em agosto de 2019, a estatal se envolveu novamente em outro caso de corrupção, quando o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação de improbidade administrativa contra ex-diretores da Dersa e pediu o ressarcimento de R$ 593 milhões aos cofres públicos. Segundo os promotores, o esquema fraudou licitações do Rodoanel Sul e do Sistema Viário Metropolitano.
Segundo a Força Tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo, o prejuízo foi causado pela formação de um cartel nas obras do trecho sul do Rodoanel e em sete grandes projetos do Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Metropolitano, de responsabilidade da Prefeitura de São Paulo: as avenidas Roberto Marinho, Chucri Zaidan, Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Marginal Tietê, Jacu Pêssego e o Córrego Ponte Baixa.