Excesso de peso e direção sob influência de álcool lideram infrações nas BR’s de MG

Publicado em
02 de Julho de 2012
compartilhe em:

No topo do ranking dos crimes registrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), conforme levantamento feito pela corporação a pedido do Estado de Minas, o excesso de peso e a direção sob a influência de álcool trocaram de lugar em 2011 e 2012. Enquanto no ano passado dirigir embriagado liderou as estatísticas, com 746 registros, e o peso excessivo ficou em segundo, totalizando 605 ocorrências, em 2012, até 31 de maio, os papéis se inverteram e as carretas e caminhões carregados com mais peso do que a legislação permite assumiram a liderança, com 309 boletins de ocorrência, enquanto o álcool combinado ao volante caiu uma posição, somando 273 autuações.

A partir do levantamento da PRF, também é possível observar como os crimes se dividem nas 18 circunscrições da corporação no estado. Em sete delas, predomina a direção sob efeito do álcool. Em outras cinco, o maior número de ocorrências é de veículos com carga em excesso.

Para os especialistas, esse quadro representa uma situação crítica, que potencializa a ocorrência de desastres, bastante comuns nas rodovias federais mineiras. “O excesso de peso contribui para a deterioração do asfalto e isso tem relação estreita com os acidentes. Se o pavimento se desgasta, a chance de termos mais buracos e depressões aumenta, o que cria condições favoráveis às batidas”, diz o professor da PUC Minas e mestre em engenharia de transportes pelo Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro (IME) Paulo Rogério Monteiro. Ele também destaca que o excesso de peso é incompatível com a atual situação das rodovias do país, muitas delas construídas há várias décadas e totalmente desatualizadas.

“Imagine a dificuldade de controlar um caminhão acima do peso. Nessas horas ocorrem as perdas de freio, os veículos não param e as tragédias acontecem. Como caminhões e carretas normalmente atingem carros pequenos, o cenário de problemas está armado”, acrescenta Paulo Rogério. Ainda segundo o especialista, dirigir alcoolizado é mais um fator que causa transtornos. “O tempo de reação do conjunto formado por veículo e motorista alcoolizado aumenta e fica mais difícil controlar a situação. Em um acidente, dificilmente há uma fatalidade. Normalmente, uma soma de fatores contribui para o pior e esses crimes levantados pela PRF que têm relação com o trânsito são potencializadores”, completa o professor.

A delegacia de Patos de Minas, que registra os crimes ocorridos em trecho de 373 quilômetros da BR-365, ligação entre o Norte e o Triângulo, apontou 81 ocorrências de excesso de peso de janeiro a 6 de junho, se tornando a campeã desse tipo de ocorrência no estado. Em segundo lugar aparece a região de Paracatu, no Noroeste do estado, onde foram registradas 54 ocorrências de peso acima do permitido. Essa delegacia é responsável pela fiscalização de 320 quilômetros da BR-040, entre Três Marias e a divisa de Minas com Goiás. De acordo com um agente da PRF que pediu anonimato e trabalha na fiscalização nas estradas, a situação do excesso de peso pode ser maior por conta de uma das formas de fiscalização. “Além das balanças, temos a ação fiscal pela nota da carga. Em muitos casos, é possível comprovar alguma fraude na nota, mas em outros pode haver a adulteração sem que o agente perceba”, diz o policial.

ÁLCOOL E DIREÇÃO
Quando o problema é dirigir embriagado, a delegacia que mais registrou esse desvio de conduta é a metropolitana, com 43 flagrantes. Nessa circunscrição estão trechos das BRs 381, 040 e 262, totalizando 264,3 quilômetros. Outras delegacias onde álcool e volante também lideram são as de Caratinga (Vale do Rio Doce), Pouso Alegre (Sul), Teófilo Otoni (Vale do Mucuri), Poços de Caldas (Sul), Montes Claros (Norte) e Uberlândia (Triângulo).

De acordo com a assessora de comunicação da PRF, inspetora Fabrizia Nicolai, o alto número de ocorrências de excesso de peso está relacionado às ações constantes da polícia para diminuir os danos ao patrimônio público. “A partir de discussões com o Ministério Público Federal (MPF) foi feito um termo de ajustamento de conduta (TAC) com as empresas reincidentes no transporte de peso excedente. O MPF começou a representar contra essas firmas e cobrar indenizações que são revertidas para melhorar a atuação da polícia”, diz a inspetora. Ela informou que as balanças são o melhor instrumento de fiscalização e que a verificação das notas fiscais é uma ferramenta secundária. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Minas conta com 17 balanças, todas atualmente estão em operação.

Sobre o aumento do número de motoristas autuados por embriaguez, informou que isso é reflexo da intensificação da fiscalização sobre quem bebe e dirige.

Equipamento irregular
Em cinco delegacias regionais da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Minas Gerais os crimes campeões fogem à regra de motoristas embriagados ou carretas com mais peso do que o permitido. Em duas delas, a ocorrência que lidera o número de boletins gerados chama a atenção. Em Sete Lagoas, Região Central do estado, o registro que aparece em primeiro lugar é descrito como “rádio PX irregular”, com 35 flagrantes. Segundo a PRF, o aparelho é um comunicador usado por motoristas sem licença da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para enganar a polícia.

Como a região tem muitas siderúrgicas, transportadores de carvão que fazem o serviço irregular e com prejuízos ao meio ambiente usam o equipamento para avisar os colegas onde está a fiscalização. Outro crime curioso que aparece líder de registros em uma região de Minas Gerais é o apedrejamento de veículos. Na delegacia de Uberaba, no Triângulo Mineiro, esse ato de vandalismo ocorreu nove vezes, segundo os dados da PRF.

O apedrejamento é uma situação denunciada por uma das maiores empresas de ônibus que faz transporte interestadual em estradas mineiras. Segundo dados da companhia, oito veículos foram atacados no estado em 2012, em regiões diversas. Quatro desses casos ocorreram em Ribeirão das Neves, na Grande BH, em represália a ações do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG) contra o transporte clandestino. Como o órgão flagrou perueiros em ocasiões diferentes, foram chamados ônibus da empresa para levar os passageiros que ficaram na BR-040 sem condução. Por isso, como retaliação dos motoristas irregulares, esses veículos foram apedrejados.

Outro problema verificado, segundo a mesma empresa, são os assaltos aos ônibus de viagem. A assessoria de comunicação do grupo informou que no Triângulo Mineiro essa situação é bem comum, especialmente nas proximidades de Uberlândia. Os dados da PRF mostram que esse é um tipo de crime que consta das estatísticas. Neste ano, os assaltos a ônibus estão em segundo lugar na delegacia de Uberlândia, com 13 registros, perdendo apenas para dirigir embriagado, que teve 17 ocorrências.

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.