Os Estados Unidos são pioneiros no controle do uso de drogas por motoristas de veículos pesados e há 30 anos exigem exames toxicológicos desses profissionais.
A medida reduziu o número de mortes nas estradas. Mas, há alguns anos, as principais transportadoras americanas foram além e adotaram o exame do cabelo (exigido no Brasil), que permite detectar o uso de drogas num período muito maior, de até 180 dias. Com base nisso, esses empresários foram ao Congresso e conseguiram aprovar a lei que permite o exame do cabelo, de modo alternativo à urina pela maior capacidade que tem de identificar usuários contumazes de drogas. O teste da urina acusa o uso em um período de, apenas, três dias.
Presentes no evento "O uso da tecnologia para promover a segurança no trânsito: experiência brasileira", promovido pela Missão Brasileira na ONU e pelo ITTS (Instituto de Tecnologias para o Trânsito Seguro), representantes de empresas e de associações de transportadoras dos EUA ressaltaram a importância de adotar o exame toxicológico de larga janela (exame do cabelo) também naquele país.
Lane Kidd, diretor da organização Trucking Alliance, uma coalizão de empresas que trabalha pela segurança viária nos Estados Unidos, apresentou dados que sustentam a relevância e aferição do exame. "Em meados dos anos 2000, um acidente muito grave com a transportadora JB Hunt mostrou que os controles ainda eram falhos. Isso nos fez adotar o exame do cabelo na empresa. Testamos nossos motoristas e vimos que quase 4% dos caminhoneiros haviam usado cocaína em um período recente. Essa porcentagem caiu para zero em 2008", explicou.
Dean Newell, vice-presidente de segurança e treinamento da transportadora americana Maverick e que está há 34 anos no mercado, foi outro a defender a implementação das novas tecnologias para a segurança das estradas, dando destaque para o exame de larga janela.
"Desde que implementamos o exame do cabelo na Maverick, em 2012, não tivemos mais nenhum acidente de trânsito. Eu, que comecei minha vida neste universo dirigindo caminhões, sei como é trabalhar na estrada. Não há espaço para o consumo de drogas nessa profissão. O exame do cabelo salva vidas. Adotá-lo é a melhor coisa que podemos fazer", afirmou.
A Maverick trabalha com cerca de 4.000 veículos de carga diariamente nas estradas dos EUA.