Estrada é maior gargalo da indústria

Publicado em
22 de Julho de 2010
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Copa 2014, Olimpíadas 2016, Programa de Aceleração do Crescimento (PACs 1 e 2) e a indústria de petróleo e gás injetarão US$ 400 bilhões em infraestrutura, nos próximos 10 anos, segundo a PricewaterhouseCoopers. Mas o dinheiro ainda é pouco para vencer os gargalos da área, alertam executivos de grandes empresas. O maior problema do País, para as indústrias, são as estradas e rodovias. Mas há muitos outros.

Distribuir produtos ou receber insumos para novos artigos representa uma grande dor de cabeça para 54% dos empresários ouvidos por uma pesquisa da Câmara Americana de Comércio (Amcham), divulgada ontem. Eles se preocupam especialmente com estradas, mas em seguida aparecem os aeroportos. Para outros 30%, porém, as telecomunicações são o grande vilão, especialmente em relação ao custo das novas tecnologias.

Onze cidades entraram na pesquisa, entre elas Recife, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. O levantamento serviu para provocar discussões sobre como acelerar investimentos em infraestrutura e integra um ciclo de seminários promovido pela Amcham em torno do tema competitividade do Brasil. Os resultados serão entregues aos principais candidatos à Presidência da República. Os empresários querem criar uma agenda para desatar nós e evitar que o avanço econômico nacional não seja só outro bom momento que o País perdeu.

"Não que eu não acredite no Brasil crescendo 7%. Agora, sustentar esse crescimento sem remover esses entraves, nisso eu não acredito", diz o presidente da Bunge, Pedro Parente. Para ele, os maiores desafios a superar estão na infraestrutura, câmbio, tributação e segurança jurídica.

A PricewaterhouseCoopers projeta que o Brasil, até 2030, pode saltar da oitava para a quinta economia do mundo. A consultoria compilou dados de fontes diversas, como Banco Mundial e Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), para comparar o Brasil aos demais países do chamado grupo dos Brics - que inclui ainda Rússia, Índia e China. Na maioria deles, a posição brasileira é desvantajosa. Segundo previsão do Business Monitor International para este ano, por exemplo, a Índia investirá em infraestrutura o equivalente a 5,3% do seu Produto Interno Bruto (PIB), a China 3,6% e a Rússia 3,4%. Enquanto isso, o Brasil terá 3,2%.

Mas no Brasil ainda há problemas como falta de coordenação de órgãos ambientais, sobreposição de normas e regras confusas. "Só para pegar um exemplo, para a concessão da Ferrovia Nova Transnordestina o governo criou 1.600 normas", comenta o sócio em consultoria de projetos de infraestrutura da Price, Maurício Giardello.

A AES Brasil atua principalmente na distribuição de energia. Ao analisar a projeção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão governamental, o presidente da AES Brasil, Britaldo Soares, questiona a falta de incentivo ao uso do gás natural, que terá sua participação como fonte de energia reduzida de 9% para 7%, entre este ano e 2019.

A questão, alerta Britaldo, é que não há contratos suficientes para assegurar o aumento da geração de energia na mesma proporção que a demanda de consumo, até o final da década. De acordo com a EPE, já há R$ 175 bilhões para gerar 64 gigawatts (GW) até 2019. Mas ainda faltariam, segundo a projeção, garantir outros 32 GW para equilibrar geração e consumo. 

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