Estamos na era do executivo infiel

Publicado em
02 de Maio de 2013
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Uma pesquisa revela que de cada dez executivos brasileiros quatro pretendem mudar de empresa. Não é só por dinheiro - eles também buscam um trabalho com propósito

Patrícia Ikeda, de 
 

Executivos em evento da IBM

Executivos em evento da IBM: de olho em empresas que sabem o que querem ser

Os executivos brasileiros não têm do que reclamar. O mercado de trabalho vive uma situação única no país: a taxa de desemprego não passa da casa dos 5% e os salários estão entre os mais altos do mundo. Um diretor de uma grande empresa instalada por aqui ganha em média 1 milhão de reais por ano, entre bônus e salário. Em um cenário como esse, era de esperar índices recordes de satisfação com o trabalho. Mas não é o que se vê.

A segunda edição da pesquisa A Empresa dos Sonhos dos Executivos, realizada pelas consultorias de recursos humanos DMRH e Nextview com mais de 4 000 pessoas, revela que dinheiro no bolso e estabilidade já não bastam para manter os funcionários satisfeitos.

Quatro em cada dez executivos brasileiros dizem que pretendem trocar de emprego nos próximos dois anos. “É um número alto em qualquer país, em qualquer cenário econômico”, diz Sofia Esteves, presidente da DMRH. 

São diversos os motivos de insatisfação com as companhias (veja quadro). Alguns são bem conhecidos: os executivos querem ganhar ainda mais, querem líderes mais inspiradores, mais crescimento na carreira e mais equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

Mas o principal motivo de descontentamento surpreendeu os pesquisadores pelo ineditismo: a falta de coerência entre o discurso da empresa e a prática. “É um dado que revela a sofisticação do mercado de trabalho no país.

Pela primeira vez, os executivos têm o poder de escolha de sua carreira na mão”, diz Danilca Galdini, diretora da DMRH. Os executivos brasileiros perderam o medo de trocar de emprego e sabem que receberão bons salários em outro lugar.

Por isso, começam a valorizar fatores mais subjetivos em seu trabalho. O que eles querem, agora, é encontrar uma empresa com uma cultura corporativa clara — e que seja colocada em prática. 

Para as empresas, quanto mais sofisticado o mercado, maior o drama. Afinal, para responder às insatisfações de sempre, bastava adotar um receituário-padrão: aumentar os salários e os bônus, oferecer novos desafios (um cargo no exterior, por exemplo), adotar horários de trabalho mais flexíveis. Agora, as coisas começam a ficar mais complexas.

Nesse cenário, para atrair e reter os melhores profissionais, as empresas têm de continuar a fazer tudo isso, mas precisam de uma cultura corporativa clara — e que seja respeitada no dia a dia.

Os exemplos ainda são escassos no mercado. A cervejaria Ambev é reconhecida  pela meritocracia. Todos os anos, mais de 60 000 jovens sedentos por bônus agressivos se inscrevem em seu programa de trainees.

A fabricante de aviões Embraer, por sua vez, atrai executivos e engenheiros de ponta graças a uma oferta única: trabalhar com inovação de última linha. “Forjar uma cultura não é fácil. E copiá-la é muito mais difícil do que copiar um produto”, diz Felipe Monteiro, professor de estratégia da escola de negócios Insead.  

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