Estado terá terminais intermodais

Publicado em
14 de Abril de 2010
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O governo de São Paulo planeja reduzir o transporte de cargas em rodovias em dois terços e aumentar o uso das ferrovias e hidrovias. Está em estudo na Secretaria Estadual de Transportes a implantação de plataformas logísticas, projeto que envolve terminais intermodais de transferência de carga de caminhões para trens, de forma a possibilitar uma nova logística de coleta e distribuição produtos.

É o que afirmou o secretário estadual de Transportes, Mauro Arce, em entrevista exclusiva ao Correio. Ele descartou a abertura de novas estradas e afirmou que a alternativa é a expansão da capacidade da atual malha rodoviária e o incremento das ferrovias e hidrovias. Hoje, 93% das cargas são movimentadas por rodovias.

"Até 2020 queremos reduzir o transporte nas vias rodoviárias em dois terços e aumentar o uso das ferrovias e hidrovias", disse Arce.

Segundo ele, metade das viagens de carga tem origem ou destino na macrometrópole, formada pelas regiões de São Paulo, Sorocaba, Campinas, Santos e São José dos Campos. "Em pouco tempo teremos a junção das regiões de São Paulo e Campinas e as rodovias serão transformadas em avenidas. Por isso, temos que fazer a mutação do rodoviarismo, incentivando outros modais, se não quisermos viver o caos", afirmou.

As plataformas logísticas, segundo o estudo, devem ser implantadas em Campinas, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Bauru, São José dos Campos e mais quatro na Região Metropolitana de São Paulo.

Embora 93% do volume de cargas transportados ocorram por rodovia, levantamentos da secretaria mostram que 46% dos caminhões rodam vazios no Estado. Eles levam a carga ao destino, mas retornam às suas bases descarregados.

O Estado de São Paulo tem um total de 35 mil quilômetros de estradas pavimentadas (22 mil quilômetros estaduais, 1.050 federais e quase 12 mil de vicinais). Do total de vias sob a responsabilidade do governo (34 mil quilômetros), 5,6 mil quilômetros (16%) estão sob a responsabilidade das concessionárias, segundo a secretaria. Existem ainda 5,1 mil quilômetros de ferrovias, 2,8 mil quilômetros de dutos, 2,4 mil quilômetros de hidrovia, 36 aeroportos e dois portos.

O Estado, no entanto, tem ferrovias do século 19, os portos estão defasados em infraestrutura, falta conexão entre os eixos rodoviários e entre os ferroviários.

Intermodalidade - Para resolver gargalos no transporte, a intermodalidade é a opção adotada no Plano Diretor de Desenvolvimento de Transportes (PDDT). O governo quer induzir o investimento privado no projeto e, para isso, viabilizaria isenções fiscais, licenças ambientais e acessos rodoviários às plataformas.

Chamadas de Centros Logísticos Integrados (CLI), as unidades agruparão uma série de funções de transporte, logística, suporte operacional, processamento industrial, entre outros. Esse complexo de transporte, segundo Arce, irá facilitar as transferências caminhão-trem, efetuar despachos alfandegários, realizar o enchimento e desova de contêineres, racionalizar a coleta e distribuição de cargas com caminhões menores trafegando a distâncias também menores. As plataformas deverão oferecer espaços de estocagem rápida para otimização de funções de concentração e distribuição para empresas industriais, inclusive veiculação de encomendas e correio.

O projeto está em fase de elaboração de propostas. O governo trabalha com duas plataforma logística iniciais, uma em São José dos Campos e outra em Cotia, encarregadas de receber os fluxos ferroviários que viriam do Sul. As cargas desembarcariam nesses centros e seriam transferidas para São Paulo.

Governo investiu R$ 23 bi em pistas - Secretário afirma que áreas com maior problema de SP receberão recursos. O governo do Estado investiu, nos últimos três anos, cerca de R$ 23 bilhões nas estradas paulistas, mas ainda há muito a ser feito, segundo o secretário de Transportes, Mauro Arce. A série de reportagens Radiografia das Rodovias, publicada na última semana pelo Correio, mostrou que, embora as pistas paulistas estejam entre as dez melhores do País, segundo pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT), muitas necessitam intervenções urgentes.

Vários dos pontos apontados na reportagem, segundo Arce, estão incluídos no cronograma de obras da secretaria. Uma dessas estradas é a Rodovia Tamoios (SP-99) que liga São José dos Campos e Caraguatatuba. A estrada está com asfalto ruim em muitos trechos, falta pista duplicada e há trechos sem acostamento. Arce disse que foi licitada obra de recuperação da pista, orçada em R$ 1,5 milhão e que projetos ambientais tramitam na Secretaria Estadual de Meio Ambiente para recuperação da rodovia. A expectativa é que as aprovações saiam até o final do ano.

Está em fase final de projeto, segundo Arce, o recapeamento, pavimentação dos acostamentos e melhorias de sinalização a SP- 267, orçado em R$ 25 milhões. Essa estrada, chamada Rodovia Salvador Rufino de Oliveira Neto, tem crateras na altura de Itararé, que comprometem a segurança dos motoristas.

A SP-250, na região de Pilar do Sul, que com pista simples é só buraco, deverá ter uma solução, com a contratação de projeto executivo para recuperação da pista. Enquanto isso não ocorre, disse Arce, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) faz manutenção periódica da via.

Arce disse que, até o final do ano, as regiões Sul e Oeste do Estado terão recebido aproximadamente R$ 2 bilhões na recuperação de 4,1 mil quilômetros de rodovias.

Além disso, segundo ele, tem sido feito grande aporte de recursos na melhoria das estradas vicinais. Embora de competência dos municípios, o Estado tem feito investimentos para melhorar o transporte de riquezas no Interior do Estado. Nas vicinais foram aplicados, nos últimos três anos, R$ 3,8 bilhões

SPVias - A SPVias, concessionária que administra a Rodovia Francisco Alves Negrão (SP-258), na região Sul do Estado, onde estão algumas das piores estradas paulistas, informou que todos os serviços prestados pela concessionária são fiscalizados e vistoriados permanentemente pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).

Segundo eles, a rodovia é sinalizada verticalmente em toda sua extensão e apresenta placas indicativas, de advertência, regulamentação e serviços auxiliares. Reportagem do Correio constatou em alguns trechos a sinalização é precária. Para a concessionária, tanto a sinalização horizontal quanto a vertical atendem às especificações do Manual de Sinalização Rodoviária do DER. Eles ainda explicam que pelo cronograma, a implantação dos telefones de emerência está prevista para o ano de 2015.

Reportagem mostrou vias precárias - As contradições das estradas paulistas foram retratadas em uma série de cinco reportagens publicada na semana passada pelo Correio na série Radiografia das Rodovias, que mostrou que no mesmo Estado onde estão as melhores pistas do País e onde estão concentrados os maiores investimentos no setor, há também um quadro de precariedade e abandono no Interior. Durante uma semana a reportagem percorreu 4 mil quilômetros de estradas, nos quatro cantos do Estado, em quatro trajetos partindo das cidades de Campinas, Piracicaba e Ribeirão Preto. A constatação foi de que há locais onde trafegar na contramão para desviar de crateras de até dois metros de diâmetro é a única forma de continuar viagem. O problema gera aumento de custos para o setor de transporte, coloca vidas em risco e gera danos ambientais.

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