Estado de São Paulo perde R$ 50 bilhões por ano pela ineficiência do sistema de transporte de cargas

Publicado em
31 de Outubro de 2013
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Todos os anos, R$ 50 bilhões são perdidos no Estado de São Paulo apenas em decorrência da má qualidade dos transportes. “Conforme a pesquisa recente da Rede Nossa São Paulo, encomendada ao Ibope, o paulistano perde, em média, duas horas e meia todos os dias nos congestionamentos. Isso gera perdas econômicas da ordem de R$ 50 bilhões anuais, segundo cálculos da Fundação Getúlio Vargas (FGV)”, alerta o pesquisador José Manoel Ferreira Gonçalves.

Ele acredita que novas soluções são possíveis para o transporte de cargas rodoviárias e sugere, inclusive, a criação de um projeto de lei de iniciativa popular, que obriga os comerciantes a destacar o valor do frete na apresentação dos preços dos produtos.

“Acho importante aproveitar o momento atual de mobilização dos brasileiros para tentar promover uma mudança cultural neste sentido. Vimos que o governo brasileiro só mostrou alguma celeridade depois de pressionado pelas ruas. E o transporte de cargas e a logística como um todo, que é paga pelo cidadão, só pode melhorar no momento em que todos nós tomamos consciência destes fatos”, afirma José Manoel.

Ele acabou de lançar o livro Despoluindo sobre trilhos- Transformação modal no transporte de cargas visando à redução das emissões dos gases do efeito estufa , resultado de sete ano de estudos de sua tese de doutorado. No livro, José Manoel demonstra por meio de fatos, índices e estatísticas, a necessidade de se fomentar os modais ferroviários, aquaviários e dutovias.

O modelo atual do País ainda passa por situações absurdas: “Um contêiner demora, em média, 21 dias para ser liberado, após a chegada ao Porto de Santos, 19 dias a mais que no Porto de Roterdã, na Holanda. E é mais barato enviar um contêiner do Brasil para a China do que transportar a carga num caminhão de Campinas a Santos. Isso não tem lógica”, pondera.

Os exemplos falam por si: o meio fluvial (aquaviário) ocupa apenas 3% dos transportes; o ferroviário, 8% e o rodoviário, o mais caro e mais poluente, 89%. “Se essas cargas fossem transportadas por ferrovias, haveria uma redução de 71% no diesel, uma economia que poderia ser revertida ou direcionada para atender com mais eficiência aos setores da saúde, educação e segurança”, explica José Manoel.

Um estudo do Departamento de Competitividade de Tecnologia (Decomtec), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) aponta que as empresas têm uma despesa anual extra de R$ 17 bilhões devido à precariedade da infraestrutura do país, incluindo péssimas condições das rodovias e sucateamento dos portos.

“Sabemos de antemão que aqueles R$ 17 bilhões ultrapassam os R$ 30 bilhões por causa dos impostos e, como quando chega na ponta, no comércio varejista, o produto é naturalmente sobretaxado pelo lucro, esse valor dá novo salto, em termos brutos, ao dobro em média”, enfatiza.

 

Sobre o autor:

José Manoel Ferreira Gonçalves, 58 anos, é doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) e mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Itajubá. Engenheiro Civil (Universidade Mackenzie), Jornalista (Fundação Cásper Libero) e Advogado (Universidade Santa Cecília). Pós-graduado em Geoprocessamento (UFRJ), Termofluidomecânica (EFEI), Eng. Oceânica (Coppe-UFRJ) e História da Arte pela Fundação Armando Álvares Penteado FAAP. Conselheiro do Instituto de Engenharia em dois mandatos e do CREA- Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo.

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