Especialistas apostam em reajuste da gasolina

Publicado em
21 de Março de 2012
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A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, tem rechaçado a possibilidade de um reajuste nos preços dos combustíveis no Brasil. Mas, para analistas, o governo dificilmente conseguirá evitar uma alta em 2012. Por isso, muitos já fazem as contas para calcular o efeito do provável aumento nos índices de inflação.

"Nosso cenário inclui um reajuste em meados de maio. A defasagem entre os preços dos combustíveis aqui dentro e do petróleo no mercado internacional é insustentável", afirmou Thiago Curado, analista da Tendências Consultoria Integrada.

As planilhas do economista embutem um reajuste de 10% nos preços da gasolina e do óleo diesel. Isso significa um impacto de 0,4 ponto porcentual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de inflação do País. Por isso, a Tendências estima um IPCA de 5,5% para este ano, novamente acima da meta de 4,5% definida pelo governo.

É um cenário distinto do elaborado pelo Banco Central (BC). Na ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os diretores da instituição informam que trabalham com reajuste zero para os preços da gasolina e do gás de bujão para o acumulado de 2012. Ou seja, se o aumento dos preços for mesmo inevitável, o BC terá de refazer as previsões inflacionárias.

O economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores, também acredita que é difícil o governo escapar de uma alta dos combustíveis ao longo de 2012. Nas contas dele, para equilibrar os preços internos com os internacionais (e, assim, evitar que a Petrobras tenha de arcar com a diferença), o preço do diesel deveria subir 35% e o da gasolina, 33%.

Ele frisa, no entanto, que esses números consideram os preços dos dois produtos na refinaria. "Até chegar ao consumidor final, há um longo caminho", observou. Em outras palavras, o governo pode lançar mão de outros instrumentos - como uma redução de tributos, como já fez no ano passado - para evitar que um reajuste dessa magnitude chegue a bolso dos consumidores.

Um dos recursos possíveis é reduzir a alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (popularmente conhecida como Cide). Outra possibilidade, segundo Pessoa, é alterar a alíquota do PIS/Cofins que incide sobre os combustíveis.

A principal diferença nos cenários traçados pela Tendências e pela LCA é o período em que o eventual reajuste levaria para chegar à inflação. A Tendências vê a maior parte do impacto já neste ano, enquanto a LCA espera que o efeito maior se dê apenas no ano que vem.

China

O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, faz um contraponto aos colegas. Para ele, a desaceleração da China em 2012 será mais forte do que a maior parte do mercado acredita hoje. Com isso, os preços das commodities - petróleo incluído - tendem a desacelerar nos próximos meses. Assim como Graça Foster, portanto, Silveira avalia que os preços atuais do barril são excepcionais, e não constituem um novo nível.

Ontem, os contratos futuros de petróleo fecharam em queda na bolsa mercantil de Nova Iorque (Nymex) depois de autoridades sauditas terem indicado na segunda-feira que o maior exportador mundial da commodity agirá para conter a recente elevação do preço nos mercados internacionais. O petróleo para entrega em abril fechou em queda de US$ 2,48 (2,29%) na Nymex, a US$ 105,61 por barril.

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