Entidades representativas dos setores produtivos do Rio Grande do Sul e empresários estiveram reunidos na Casa da Farsul, no Parque de Exposições Assis Brasil, nesta terça-feira, para discutir os desafios de logística para o escoamento da produção do estado. Durante o encontro, conduzido pelo diretor da Farsul, Fabio Avancini Rodrigues, as entidades discutiram propostas a serem levadas ao poder público para viabilizar o desenvolvimento dos principais modais de transporte.
Os problemas envolvendo ferrovias, hidrovias e rodovias foram os assuntos dominantes. O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, ressaltou a importância da infraestrutura de transporte para a economia do estado: “Estamos projetando um crescimento da safra. Temos uma nova fronteira agrícola no Sul do estado que aumentou muito a sua área plantada, no entanto, a estrutura que nós temos é a mesma há anos”.
Sobre a questão das ferrovias, o grupo discutiu o fato de que apenas 1.823 km da malha gaúcha está apta, em um universo de 3.259 km de trilhos existentes. Desta forma, apenas 6% das cargas são movimentadas por este modal. Na reunião, Famurs, Farsul, Fecomércio, Federarroz discutiram o apoio a um documento apresentado pela Fiergs, a ser encaminhado ao Ministério dos Transportes e à ANTT, que pede a revisão dos planos de prorrogação da concessão de exploração ferroviária que está atualmente com a Rumo Logística, tendo em vista que a empresa tem promovido a desativação de ramais, cortando inclusive as ligações ferroviárias com o Mercosul:
"Apesar do aumento em mais de 30% da Produção Gaúcha, a movimentação de cargas ferroviárias no Rio Grande do Sul tem decaído ano a ano, estabilizando-se no volume de 8 a 9 milhões de toneladas/ano, muito aquém de sua capacidade potencial. Esta queda reflete o desestímulo da Concessionária em prospectar cargas e tem sido acompanhada pela desativação de vários ramais” relata o documento. “Precisamos ter a logística mais econômica e eficiente possível, e este modelo, como está, não serve”, diz o diretor da Fiergs, Ricardo Portela.
Em respeito a hidrovias, foram discutidas as propostas do Hidrovias RS, grupo criado por Famurs, Farsul, Fecomércio, Fiergs e empresas que se utilizam do transporte aquaviário interior, para estimular o desenvolvimento deste modelo de transporte. O grupo incentiva a mobilização de esforços dos setores público e privado para a atração de empreendimentos no entorno dos rios navegáveis, para assim viabilizar este modal.
Também é solicitado um modelo de serviço de dragagem que possibilite a navegação segura destes canais, tanto em transporte de cargas como de passageiros. A política de atração de empreendimentos pode até mesmo tornar o estado atrativo para ser um polo de logística global, integrando América do Sul, África e Ásia, destaca o diretor-presidente do grupo, Wilen Manteli.
Em relação às rodovias, foi discutido o prejuízo em função da falta de duplicação de estradas federais e demora para a finalização de obras já em execução, como por exemplo a BR-116. Os problemas seriam decorrentes do impacto do aumento nos custos da matéria-prima, levando à revisão dos contratos.