Entidade diz que falta orientação sobre exame toxicológico

Publicado em
20 de Outubro de 2016
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Os médicos de trânsito estão enfrentando dificuldades para analisar os casos de exames toxicológicos com resultados positivos. É isso que diz o diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Dirceu Rodrigues Alves Júnior. “Não foram orientados corretamente. O que fazer com um motorista que está usando determinado xarope, que contém codeína? O exame virá positivo e o motorista ficará impedido de trabalhar?”, questiona. “Como o médico deve conduzir se a pessoa usa derivado da maconha como analgésico?”, complementa.

Questionada pela Carga Pesada, a assessoria de imprensa do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) afirmou que as orientações sobre o exames se encontram na própria legislação.

A Abramet sempre se posicionou contrária ao exame toxicológico de larga janela de detecção feito pelo fio de cabelo que permite verificar o uso de droga nos últimos 90 dias. O diretor defende que seja realizado o de saliva ou urina no momento em que o motorista está dirigindo. “Sabe como está agindo o motorista que usa rebite? Ele fica 90 dias sem usar. Faz o exame, dá negativo e só daqui a cinco anos será testado novamente”, ressalta. A Abramet acredita que o exame foi aprovado pelo Congresso Nacional devido ao lobby dos laboratórios. “Ele não tem aprovação de nenhuma entidade científica”, ataca.

Durante alguns meses, por força de liminar que foi derrubada em julho, o Estado de São Paulo não exigiu a realização do exame. Mas o Detran continua brigando na Justiça contra a lei. “Não existe comprovação da eficácia do exame toxicológico dentro do processo de habilitação, como foi imposto pela atual legislação federal”, afirma por meio de assessoria de imprensa o diretor de Habilitação do Detran paulista, Maxwell Vieira. “Seria mais efetivo realizar um exame na própria via, por exemplo, o que comprovaria se o condutor realmente dirige sob efeito de drogas”, defende.

Colocado em xeque pelas entidades científicas e pelo próprio Ministério da Saúde, o exame toxicológico em apoio do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de São Paulo (Sindicam – SP). “Eu acho que o exame é bem-vindo e vai ajudar a reduzir o número de acidentes”, afirma o presidente da entidade, Norival Almeida.

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