Entendemos mesmo da nova logística?*

Publicado em
19 de Outubro de 2016
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Exemplos não faltam; ainda assim, está difícil enxergar com clareza os caminhos da tecnologia

A enorme velocidade com que a ruptura dos principais conceitos de logística está ocorrendo vem surpreendendo até os experts mais experientes. Reinventar-se para atender à demanda é a regra do jogo no mercado global. Quem não o fizer está condenado. E, se existe um principal culpado pode-se apontar para a tecnologia da informação.

As inovações mudaram a forma de consumo, não somente pela cadeia produtiva, como também para o consumidor final, seja de serviços, seja de produtos. Verificamos, em tempo real, quais produtos ou serviços estão disponíveis, como comprar, os preços de mercado e o prazo de entrega na tela do celular, tablet ou desktop.

Invejamos e aprendemos com os conceitos originalmente criados pela Toyota: queremos tudo just-in-time nas nossas fábricas escritórios e casas. Amazons, Alibabas, Ubers, Trip Advisors, Googles e similares, que surgiram nos últimos anos, atendem, de maneira cada vez melhor, a esse nosso conforto de consumo. Ou seja: passaram a ser os responsáveis por colocar produtos e serviços rapidamente para o consumidor em qualquer lugar do planeta.

No caso de serviços, as entregas são feitas por via eletrônica, seu próprio ambiente. Mas, no caso de produtos se utilizam armazéns, CDs, terminais e transportes nos diferentes modais. Exceto, é claro, nos casos de entrega de produtos produzidos numa simples impressora 3D, que dispensa o transporte, manuseio e armazenamento físico – e até mesmo procedimentos burocráticos nas inúmeras aduanas.

E por falar em aduanas... a tecnologia nos traz mais uma ruptura com o modelo tradicional, com vários players perdendo importante mercado e novos conquistando a sua fatia.

Para transportar os produtos que ainda precisam viajar fisicamente, maiores navios, aviões, trens e caminhões estão sendo disponibilizados nas longas distâncias, o que vem acarretando um planejamento mais abrangente para administrar o maior número de transbordo de cargas – a custos obrigatoriamente cada vez menores.

Ao mesmo tempo, terminais e meios de transporte estão sendo operados por robôs que se guiam por GPS e dispensam pessoas, mas, exigem muito planejamento e um imenso fluxo de informações em tempo real.

Mas como atender just-in-time quando há mais transbordos, velocidades menores, etc? Como estar bem próximo do seu mercado no mundo todo, com o aumento de volume a da competitividade de eficiência? Em que situação o preço da entrega e coleta é determinante para a competitividade do novo comerciante eletrônico? O que muda? Tudo.

Muitos terminais, navios, caminhões, aviões, trens – e os sistemas para geri-los – tornaram-se obsoletos, alguns em menos de 20 anos. Estão rapidamente dando lugar a poucos e eficientemente modernos substitutos. Por conta da rapidez com que as mudanças acontecem em TI, o planejamento certeiro de um mercado hoje se limita a 18 meses; depois desse prazo, novas (e imprevisíveis) atualizações podem ocorrer.

A guerra por mercado se instalou, e as perguntas se amontoam: Quem será o novo provedor logístico? Qual será o papel de cada um? São poucas as cerejas desse bolo; quem serão os sorteados? Quais as fusões ainda por vir?

Para fazer parte dessa corrida, significativos investimentos vêm sendo realizados em rastreamento, ERPs, IoT (Internet das Coisas) robotização, drones, veículos autônomos, digitalização dos processos, etc.

Empresas estão sendo reestruturadas para fazer frente a essa mudança.

Observe cuidadosamente os sinais. Amazon agora é NVOCC, o Deutsche Post, para reforçar a sua DHL, adquiriu o UK Mail e investiu na Itália na mesma semana, Alibabá funda um site de match-making de carga e transporte (Convoy.com), a Maersk separa as empresas de logística, não de transporte somente, em uma nova unidade autônoma de negócios.

Ou seja: é armador mirando no porta-a-porta para evitar de tornar-se apenas o transportador, é o comércio eletrônico com foco na logística para ter competitividade na qualidade e no preço final, é o forwarder se fortalecendo para manter a posição de integrador da cadeia. Todos investindo pesadamente em TI, em IoT, em Market Intelligence, rastreamento, monitoramento de temperatura, automação, digitalização e o que mais for necessário. A revolução 4.0 está aí.

O Guia Marítimo já vem se integrando a esse mundo. Participa regularmente, como ouvinte ou ator, dos mais importantes eventos do mundo que tenham como tema a inteligência no transporte ou tecnologia para logística. Está se informando para melhor informar.

Mais uma vez pioneiro na discussão das rupturas de paradigmas da logística, o Grupo Guia já planeja, para 2017, o primeiro evento específico de uma série para esse debate. Fique atento às mudanças. São novos players importantes do mundo digital integrando-se à logística e rompendo barreiras.

De nossa parte, permanece também o canal aberto: utilize os campos de comentários abaixo para participar e contribuir com suas ideias e sugestões sobre os caminhos da tecnologia.

*Artigo escrito por Martin von Simson

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