Enquanto a frota de caminhões cresce, o asfalto piora

Publicado em
11 de Março de 2013
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Qualidade do material usado na pavimentação das estradas contribui para o aumento dos buracos

Enquanto a frota de caminhões cresce, a maior parte rodando com excesso de carga, a qualidade do pavimento está na contramão, em vez de melhorar para suportar o sobrepeso. Resíduo do refino do petróleo após a obtenção de produtos nobres como combustíveis e lubrificantes, o asfalto brasileiro é cada vez mais pobre, o que contribui para o aumento dos buracos nas rodovias.

Nas últimas décadas, explica o professor Washington Núñez, pesquisador do Laboratório de Pavimentos da UFRGS, o refino do petróleo evoluiu, e os compostos químicos que conferiam melhor qualidade ao cimento asfáltico, como a flexibilidade para suportar peso, foram sendo cada vez mais absorvidos nas etapas anteriores.

— É como fazer queijo com leite desnatado — compara Núñez, destacando que o aumento do limite legal de carga dos caminhões é outro ingrediente do esfacelamento precoce das estradas.

Veja gráficos, vídeos e fotos das condições de rodovias gaúchas 

A solução é recorrer à adição de polímeros como o asfalto borracha. Seria uma medida simples não fosse o aumento dos custos, uma barreira quando há limitações orçamentárias. Entre construir uma extensão menor mas com qualidade, ou quilômetros a mais, beneficiando um número maior de comunidades e eleitores — mesmo que em pouco tempo as rodovias fiquem esburacadas —, em regra é escolhida a segunda alternativa. Mas opção, ao longo do tempo, vai acarretar gastos maiores com a manutenção da rodovia, realimentando o círculo vicioso.

No Estado, o clima é também um complicador. No verão, caracterizado por um dia solar superior às demais regiões, a temperatura no pavimento pode chegar a 60º C, o que amolece o asfalto e favorece deformações. Se a opção for por um tipo de produto mais duro, cresce a possibilidade de a pista trincar com frio ao redor de 0º no inverno.

— Vivemos no Estado mais ingrato do país para as misturas asfálticas — observa Núñez.

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