Encomendas da Petrobras somam US$ 7 bi

Publicado em
13 de Agosto de 2014
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Com pouco mais de sete anos, alguns dos estaleiros implantados no Rio Grande do Sul já apresentam bom desempenho. Outros, no entanto, não deslancharam ou enfrentam dificuldades financeiras, segundo empresários e fontes do governo.

O QGI Brasil, antigo Quip, uma das primeiras empresas a se instalar no município de Rio Grande, tem dado bons resultados. Em 2013, concluiu a construção de três plataformas em seu canteiro de obras: a P-55, a primeira plataforma semissubmersível, do tipo quadrada, construída no Estado; a P-58 e a P-63, projetos 100% realizados por uma empresa nacional. Significam contratos em torno de US$ 5 bilhões, informa Marcos Reis, diretor-geral do QGI.

No momento, o estaleiro desenvolve os projetos de engenharia de outras duas plataformas do tipo o FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo e gás) para a Petrobras. O contrato foi assinado no fim de 2013 e os cascos estão em processo de conversão na China. A construção dos módulos e a integração dos cascos às plataformas P-75 e P-77 serão feitas em 2015.

Duas outras unidades industriais navais, os Estaleiros Rio Grande 1 e 2, pertencentes à Ecovix, cujas operações começaram em 2010, concluíram a entrega de sua primeira encomenda: o casco da plataforma P-66, do tipo FPSO, saiu do dique seco do Estaleiro Rio Grande 1 (ERG1), com destino a Angra dos Reis, onde será feita a parte de integração e complementação. O casco tem engenharia básica feita pela sueca GVA e consultoria da chinesa Cosco, que apoia o processo produtivo do estaleiro brasileiro.

A operação da plataforma P-66 é considerada um marco para a Ecovix por se tratar do primeiro casco replicante da série de oito plataformas, que estão em construção para atender à exploração de petróleo nos campos do pré-sal na bacia de Santos. No total, os oito cascos e mais três navios-sondas encomendados pela Petrobras somam contratos da ordem de US$ 5,9 bilhões, segundo Gerson Almada, presidente da empresa.

Trata-se, evidentemente, de um bom negócio para os empresários. Os fatores de atração são positivos, avalia Alberto Padilha, presidente da Estaleiros Brasil Ltda. (EBR). A empresa, especializada em construções offshore, originada da associação entre a japonesa Toyo Engineering e a brasileira SOG Óleo e Gás (Setal), está investindo R$ 500 milhões na montagem de um estaleiro, em área de 1,5 milhão de hectares, no município de São José do Norte, em frente ao superporto do Rio Grande. O empreendimento, em fase de acabamento, terá um cais de 650 metros de comprimento e as oficinas terão capacidade para processar 110 mil toneladas de aço por ano.

A carteira de encomenda prevê a construção e integração de módulos da plataforma FPSO P-74, para o consórcio Petrobras Netherlands B.V. (PNBV), que irá operar nos campos do pré-sal, e deve ser entregue em dezembro de 2015. "Os programas da Petrobras, de necessidade crescente de equipamentos, principalmente para perfuração nas áreas do pré-sal, nos encorajaram a buscar financiamento para fazer esse novo estaleiro", diz Padilha. "O aumento da demanda justificou o tamanho de nossas instalações."

A carteira de projetos garante a ocupação dos estaleiros em Rio Grande até pelo menos 2018. Mas a estratégia é investir na expansão das operações, afirma Almada. Em outubro de 2013, cinco empresas japonesas - Mitsubishi Heavy Industries Ltd. (MHI), Imabari Shipbuilding Co. Ltd., Namura Shipbuilding Co. Ltd., Oshima Shipbuilding Co. Ltd. e Mitsubishi Corporation - concordaram em adquirir 30% do capital da Ecovix. A iniciativa, segundo ele, marcou o primeiro investimento de um consórcio de estaleiros japoneses e uma trading internacional no mercado brasileiro da construção oceânica. "Ecovix investiu R$ 1,4 bilhão, principalmente para a ampliação do estaleiro ERG 2 e construção do novo estaleiro ERG 3."

Nessas unidades, com cerca de oito mil empregados, serão construídas três sondas de perfuração para o consórcio Sete Brasil, fornecedor da Petrobras, num contrato de US$ 2,4 bilhões.

O impacto da indústria naval na economia gaúcha é sensível, afirma Aloísio Nóbrega, vice-presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), braço do governo estadual. Em 2013, de acordo com a Secretaria da Fazenda, o setor de indústria oceânica, que inclui a fabricação de embarcações, inclusive de lazer, representou 1,363% do valor total de vendas no Rio Grande do Sul.

Os valores investidos pelos quatro grupos na região de Rio Grande e São José do Norte ultrapassam R$ 12 bilhões. E as encomendas das Petrobras representam US$ 7 bilhões - US$ 911 milhões em encomendas no polo de Jacuí e US$ 90 milhões no nascente polo do Guaíba, que conta com dois empreendimentos, um deles da Ecovix, para construção de módulos.

"No momento, estamos num movimento conjunto com os estaleiros e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, para criar um parque científico e tecnológico do mar, o Oceantec", diz Nóbrega.

Mas há projetos ainda empacados. O projeto do grupo Wilson Sons, anunciado em 2010, chegou a receber um terreno do governo estadual, mas não deu prosseguimento à instalação de seu estaleiro. Em nota, o grupo reafirma sua intenção de construir seu estaleiro em Rio Grande, e aguarda a liberação da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) para uso da faixa de cais. O projeto prevê investimentos de até R$ 200 milhões e pode gerar cerca de 800 empregos.

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