Empresas venderão serviços, não seus produtos

Publicado em
11 de Outubro de 2011
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Christoper Borroni-Bird, diretor de tecnologias avançadas na GM, com escritórios em Warren, Michigan, nos Estados Unidos, e co-autor do livro A Reinvenção do Automóvel, da editora Alaúde, esteve em São Paulo em outubro e reiterou a Automotive Business a previsão de uma extraordinária multiplicação de serviços no mundo da mobilidade, estimulada pela substituição dos sistemas mecânicos pelos eletrônicos.

Um dos arquitetos na concepção dos carros do futuro, ele assegura que a reinvenção do automóvel terá profundo efeito sobre as cidades e aglomerações urbanas, onde mais da metade da população do planeta vive e 80% da riqueza do mundo se concentrará até 2030. A valorização do conceito de serviços, associado a produtos, será uma dessas consequências.

Imagine que você entrou em um automóvel reservado por um programa de car sharing, via web, e imediatamente é convidado por uma voz agradável a escolher os serviços que deseja comprar. No menu podem estar ar condicionado multizona, acesso a email por comando de voz, multimídia, mapas, GPS, orientação sobre tráfego, previsão do tempo. Algumas tecnologias de segurança não serão tarifadas, como proteção contra colisão e acionamento automático de faróis. Em futuro um pouco mais distante, você poderá incluir no pedido um piloto virtual e ficar livre para trabalhar no carro ou apenas curtir a paisagem. No final da viagem, é claro, será possível saber quanto custou toda a parafernália que você comprou.

O que o cenário descrito sugere é a crescente oferta de serviços relacionados à mobilidade, que merece atenção de estrategistas em várias fronteiras de negócios. O car sharing é apenas uma parcela das possibilidades da vida moderna. O compartilhamento do veículo com outros usuários, gerenciando a operação e as despesas pela web, pode virar uma febre, criando a perspectiva para a venda de serviços sob medida. Locadoras tradicionais já comercializam seguros, aluguel de GPS ou motorista.

O compartilhamento do carro, diz a Zazcar, é uma alternativa inteligente à posse e ao aluguel tradicional, atendendo uso ocasional ou recorrente. A reserva pode ser feita via site ou call center e o desbloqueio do carro, para acesso à chave, é feito por cartão. Um carro compartilhado substitui 13 no tráfego, diz a empresa, que promete, além da opção inteligente, uma solução para o trânsito e para a saúde do planeta.

As transformações na vida das pessoas na comunidade vão acelerar a substituição da posse de produtos pela aquisição dos serviços que eles podem fornecer. No caso do automóvel, a aplicação de tecnologias embarcadas voltadas para conforto, informação e lazer sugere que está próximo o momento de pagar pelo uso dessas funções ao contratar o uso do carro. Mudará, ao mesmo tempo, a forma de fazer negócios na cadeia de produção, entre fabricantes de componentes, sistemas e automóveis, enquanto a conquista dos clientes finais dependerá cada vez mais de soluções inovadoras e serviços impecáveis, à medida que os produtos se tornam mais parecidos e globais.

Fabricantes de pneus já pensam na venda de ’quilometragem de seus produtos’. A ideia pode ser multiplicada à exaustão, para componentes automotivos e acessórios. Os gestores das frotas de veículos compartilhados e dos sistemas embarcados possivelmente vão incluir no cálculo das tarifas o nível de energia consumido, o custo de acesso a serviços via web e a exibição de filmes para os passageiros. Iniciativas como o Sem Parar já representam uma alternativa para escapar de longas filas em pedágios e serão progressivamente adotadas, abrindo cancelas também em shopping centers.

A General Motors oferece há alguns anos o On-Star, pacote de serviços baseado em satélites capaz de monitorar o veículo e a saúde do motorista, informar o melhor caminho e pontos de interesse, avaliar o funcionamento do motor, alertar para necessidade de manutenção e até chamar automaticamente o socorro em caso de acidente. Outras marcas têm ofertas similares.

 Scania estuda reduzir produção na Europa

A Scania pode colocar o pé no freio e cortar entre 10% e 15% da produção na Europa a partir de novembro. A medida mostra que a recuperação do setor, muito ligado ao comércio internacional e à situação econômica, desacelera a medida em que a crise avança na região.

A montadora aponta que a redução do ritmo das fábricas europeias também é reflexo da queda dos pedidos de países do Oriente Médio. O corte afeta 900 funcionários temporários da companhia que não terão os contratos renovados.

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