Empresas de transporte pesado e o “core business, por Antonio Silveira*

Publicado em
10 de Julho de 2017
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Muito se comenta em consultorias especializadas sobre o “core business” que significa obviamente o negócio principal de uma empresa. Especialistas orientam sobre a necessidade de se manter o “foco” e não correr riscos de diversificar demais a atuação.

Com a crise atual da indústria no Brasil qual é a estratégia dos especialistas em “core” para as empresas que dependem exclusivamente de setores específicos da indústria?

Empresas tem um objetivo inicial e básico: lucro e existência. Pouco importa de onde está vindo o resultado, importa que o lucro seja suficiente para garantir a existência do negócio.

Empresas que atuam no setor de transporte pesado tem como característica o foco total em seu setor. Atuam exclusivamente com este objetivo mesmo quando o setor mostra demanda insuficiente para seus negócios. Ficam esperando que “algo” aconteça e não se atiram e se arriscam em setores diferentes. Porque não?

Primeiro porque o “lugar comum” é o “core business”. Sair do “lugar comum” significa maiores riscos e mudança de atitude. Mas como sabemos, é muito mais difícil atuar diversificando e buscando oportunidades em outros setores.

Segundo porque as empresas normalmente não trabalham dentro de uma “cultura de mudança” mesmo quando sabem que o mundo muda velozmente, continuamos buscando atividades equilibradas, demandas permanentes, sem considerar a volatilidade dos mercados, a instabilidade gerada por ações políticas e econômicas, concorrentes e tecnologias disruptivas.

Semana passada, assistindo uma entrevista do Dr. Dráuzio Varella, ele disse “... escrevo onde é possível e em qualquer lugar ...”, ou seja, como médico, ele trabalha gerando receitas com seus livros “onde é possível e em qualquer lugar”. Traçando um paralelo simples, nós transportadores de cargas pesadas geramos receitas não “onde é possível e em qualquer lugar”, mas sim “sempre no mesmo lugar” porque estamos presos ao conceito de “core business”. Ficamos presos a um modelo que não se encaixa no mundo atual. Seria como se por exemplo a Apple se limitasse apenas aos computadores, ou se a Mercedes Benz se limitasse apenas a um tipo de veículo.

Na verdade, o que nós somos?

SOMOS EMPRESAS TRANSPORTADORAS

Dentro deste conceito não transportamos apenas maquinas e equipamentos. Somos empresas transportadoras capazes de mover tudo e todas as coisas de um determinado ponto a outro, com equipamentos próprios, com terceiros, com espaços próprios, com áreas locadas, não há o menor sentido em impor limites a nossa atuação. Como exemplo: Julio Simões. Qual é o limite da atuação de uma transportadora? Porque não pensamos da mesma forma e saímos da situação atual trabalhando em novos projetos, fusões e outros mercados? Porque não abandonamos o conceito de “core” o buscamos oferecer soluções inovadoras aos nossos clientes?

Precisamos ter a coragem de desdenhar das estruturas corporativas tradicionais já destruídas nos anos 90 por Ricardo Semler. Precisamos executar, respeitar quem faz, quem muda e seguir o exemplo trilhando novos caminhos e gerando “novos” lucros.

Para entender qualquer situação é necessário analisar e compreender o que nos levou ao momento atual. Concluí que o “foco” nos leva a situação atual e a diversificação, que a Julio Simões parece fazer muito bem, é uma vantagem competitiva concreta.

É preciso inovar neste sentido, ter uma certa dose de irracionalidade, gostar do risco para se manter vivo no mundo atual.

Ser racional e conservador impede situações inovadoras.

É preciso mudar o “ambiente” para que seja possível surgir colisões aleatórias de ideais que possam gerar inovação. A rotina diária do “core” pode se tornar a grande inimiga da inovação.

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