Embarcadores fazem caminhoneiro trocar nota fiscal até 4 vezes

Publicado em
07 de Fevereiro de 2014
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Exigência das tradings faz motoristas perderem dias de trabalho

Nelson Bortolin

Como se não bastassem todas as dificuldades já existentes, as tradings vêm impondo um novo sofrimento para quem atua no transporte rodoviário de grãos. Caminhoneiros que trabalham em Mato Grosso reclamam que são obrigados a trocar notas fiscais nos escritórios dessas multinacionais no trajeto até o transbordo da soja nos terminais da ALL. Exemplificam que, de Lucas do Rio Verde a Rondonópolis, chegam a fazer quatro trocas. Ninguém explica o porquê.

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O diretor do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos (Sindicam), de Santos, Alexsandro de Vasconcelos Freitas, conta que o assunto foi discutido numa reunião no Ministério dos Transportes, na última quarta-feira (5). O encontro em Brasília era para discutir o sistema de agendamento de descarga no porto paulista, mas as lideranças da categoria aproveitaram para reclamar do problema.

“Com essa história de ficar trocando de notas, o caminhoneiro perde três ou quatro dias esperando. É um absurdo”, reclama o sindicalista. Segundo ele, as tradings não explicam a razão das trocas. Mas uma das hipóteses levantadas pelos caminhoneiros é que seja uma forma de segurar a soja mais tempo sobre os caminhões, já que as empresas não têm armazéns suficientes para a crescente produção brasileira.

Também presente na reunião no Ministério dos Transportes, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Santos (Sindisan), Marcelo Marcos da Rocha, ficou indignado com a exigência das tradings. “Essas multinacionais mandam em tudo. Não querem investir em silos, preferem fazer os caminhões de armazéns. Ainda se queixam do valor do frete. Ninguém sabe quanto essas empresas ganham”, critica.  Para ele, o governo federal deveria fiscalizar o troca-troca de notas fiscais.

A reportagem pediu esclarecimento para as maiores tradings que operam no País, mas nenhuma deu retorno. A Carga Pesada ainda procurou a entidade que representa essas empresas (Anec), que também não respondeu. A revista também espera um pronunciamento sobre o assunto da Secretaria da Fazenda de Mato Grosso.

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